Todos os países parecem ter padroeiros, ou seja, figuras mais ou menos míticas, mais ou menos religiosas, que são erguidas à condição de protectores (reais ou imaginários) dos locais que habitam.
Tudo germina no folclore local, nas lendas que passaram de geração em geração, sempre acrescentadas de novos exageros, sempre aprimoradas por quem beneficiava com o florescimento dos mitos. Onde começa e termina a realidade, ou se tão-pouco existe alguma, é coisa para a credulidade de cada um.
Uma das mais famosas na Rep. Irlanda é o equivalente feminino de St. Patrick (São Patrício), que dá pelo nome de Saint Brigid (Santa Brígida). Dela se relatam os «milagres» costumeiros de curas instantâneas, multiplicação de alimentos e outros actos de cariz divino.
Atente-se: Um rei foi um dia abordado pela heroína, no sentido de conceder o terreno suficiente no seu território para a construção de um convento. Mostrou-se relutante. Brígida torna, afirmando que apenas requisitava a área que pudesse ser coberta pelos panos que a vestiam.
Bem-humorado, o rei concordou, julgando minúscula a porção desse pano. Sem surpresa para quem conhece o andamento deste tipo de relatos, assim que os panos se estenderam no terreno requisitado, logo milagrosamente «cresceram» na proporção exigida para a construção do dito mosteiro.
Interessante, não é a usual manufactura de «milagres» medievais ao sabor das conveniências, mas a parte de tal história que pode ser real. Um homem, seduzido pela beleza de uma mulher, logo enganado pelas artimanhas femininas. Ou noutra abordagem, a heroína de carne e osso que perante a injustiça social que assolava o território, logo descobriu um meio para reequilibrar a balança.
Conta-se que nasceu de muitas maneiras, esta Brígida. De guerreiro irlandês e mãe escrava, talvez a mais aceitável. Outra versão sugere que o tal guerreiro era afinal um escravo trazido nos navios para estas paragens, vindo – imagine-se – de um local na altura conhecido como Lusitânia.