A poesia lírica reparte-se entre cantigas de amigo e cantigas de amor.
Cantigas de amigo: autóctones, de carácter popular, ligadas à natureza, exprimem um sentimentalismo e uma saudade verdadeiramente galaico-portuguesa. A tradição oral parece explicar muito das cantigas de amigo.
Cantigas de amor: de carácter culto, procuram exprimir essencialmente jogos amorosos de sabor palaciano. A estética provençal tem diversas influências.
A poesia satírica distribui-se pelas cantigas de escárnio e de maldizer, recorrendo à sátira para moralizar costumes, para criticar pessoas e situações e para provocar o humor. A veia satírica preocupa-se com a falta de valores elementares, com a corrupção de costumes, com os interesses materiais de certos religiosos, com a licenciosidade das soldadeiras, com os jogos de amor e com o fingimento do amor cortês. Existem influências do sirventês, composições satíricas à decadência do ideal de cavalaria, às lutas entre os senhores feudais e à vida íntima de alguns indivíduos.
No que respeita à forma, o sirventês em nada difere da canção; o tema era contudo diferente, tinha um carácter mais objectivo, reflectia as opiniões e os sentimentos do trovador sobre os homens e a vida social, daí o seu carácter moral e satírico. As críticas visavam a decadência da cavalaria, a rudeza dos barões, as mulheres e o clero corrupto e ditatorial.
Tudo isto numa Idade Média marcada pelo Teocentrismo.