Por um conjunto de razões, somos sustentadamente condicionados na interacção com a realidade. Do embrião se vão tecendo os fios da narrativa que defende a complexidade da existência. Somos passo a passo enredados numa miríade de regras, normas, leis, códigos – múltiplas denotações para uma inexorável prisão.
Se estivermos a todo o instante enleados na tentativa de entender e obedecer a toda esta parafernália ruidosa, ser-nos-á vedado o acesso eficaz ao único caminho que permite a saída do labirinto.
Teríamos para isso de assimilar, para além de qualquer dúvida, que a maioria das coisas que beneficiam do estatuto de indispensáveis, são afinal vazios acessórios. Teríamos para isso, enfim, de corajosamente abanar os próprios alicerces do edifício onde sempre vivemos.
Existe apenas um quarteto essencial: Não-violência, Simplicidade, Natureza, Sociabilidade.
Estes, articulados com mestria, permitem a Magnanimidade, que é somente um reflexo exterior do Conhecimento.
De cada vez que me permito esse contacto com um dos quatro vectores, confirmo a veracidade do raciocínio. De cada vez que – em boa companhia e sem nada no espírito para além da abertura a tudo o que o rodeia – visito um trilho da Natureza, confirmo a disponibilidade dos sentidos para o silêncio (nele o vento, a maresia, a vida animal, a montanha, a planície, a floresta, a enseada).
E como não somos aquilo que apregoamos, mas outra coisa, de que já nos esquecemos.