Continuo a alimentar a utopia que me diz ser possível recuperar o tempo perdido.
Continuo a rebuscar nos caixotes velhos apontamentos, excertos, livros antigos e a tentar fazer dessa massa disforme um resumo límpido, escorreito, útil.
Continuo a ler, sempre aliviado quando termino qualquer coisa, antes de recordar todos os que ainda me olham nas estantes. Com medo que a morte chegue.
Continuo a escrever tudo o que posso nos livros, cujas pequenas folhas recheadas de notas se enchem de pó na secretária.
Continuo a perseguir a imagem da única existência que merece (talvez) sobreviver.
A literária.