De como tudo é ligeiramente patético

Chegou-me uma história sobre o poeta americano Walt Whitman.

Talvez não se tenha passado exactamente como a conto, mas nunca nada é exactamente o que se julga ter sido.

Pouco antes de morrer, o poeta estabeleceu como desejo final, ele que era um adepto da frenologia, que o seu cérebro fosse escalpelizado de forma a facilitar conclusões sobre as origens da inteligência humana.

Deverei talvez esclarecer que a frenologia, muito popular no final do século XIX, defendia que era possível adivinhar-se todo o tipo de características de personalidade nos seres humanos com base em «protuberâncias» na caixa craniana, entre outras coisas. Hoje está obviamente desacreditada enquanto pseudociência.

Contudo, à época, o por muitos considerado maior poeta americano estava firmemente convencido que um estudo pós-morte do seu cérebro iria permitir aos cientistas estabelecer por que razão tinha ele sido tão «inteligente».


Frenologia


Cumprida a vontade do falecido, abre-se a caixa craniana, retira-se o cérebro, e transporta-se o dito para o laboratório.

Aí chegado, as coisas complicam-se.

As versões variam e existe até quem dispense toda a história para o canto do folclore, mas acabou por ficar mais ou menos estabelecido que aconteceu de facto um qualquer acidente com o cérebro de Whitman. A versão mais comum conta que um desastrado assistente, ao manusear o cérebro, tê-lo-á deixado cair ao chão, desfazendo-o quase completamente e impossibilitando o tão desejado estudo.

A massa cinzenta de um dos maiores génios literários foi então varrida para o caixote do lixo, sem mais utilidade.

Como sempre, o patético é risível e o risível tem nele qualquer coisa de deprimente.

2 pensamentos sobre “De como tudo é ligeiramente patético

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