Ao longo de 2013, foram-me chegando notícias sobre Portugal, sobretudo dos episódios mais insólitos.
No intervalo de outras coisas, acabei por resumir alguns desses temas em pequenas crónicas, que agora se recordam.
As redes sociais, jornais online e canais noticiosos internacionais gritam a mais recente convulsão política portuguesa.
O ministro das Finanças demite-se «por se sentir desautorizado na sua política». O primeiro-ministro reage, transformando a anterior secretária de estado do ministro na nova guru do Ministério das Finanças. Descontente com a evidente prova de que a linha política não ia sofrer alterações, o ministro dos Negócios Estrangeiros pede a demissão no dia seguinte.
Esta é a narrativa oficial que inunda os escaparates. A oposição, movimentos sociais, sindicatos e restantes vozes de protesto, pretendem a saída do primeiro-ministro e eleições antecipadas. Pretendem igualmente a intervenção do Presidente da República.
Nenhuma das hipóteses parece estar na linha do horizonte.
O ministro das Finanças demissionário pouco se deve ter incomodado ao ser cuspido por um cidadão furioso. Afinal, o que são umas gotas de saliva no casaco quando se está a caminho de um cargo na Comissão Europeia?
O que a maioria se recusa a assimilar é que as coisas não funcionam de acordo com o discurso oficial, que professa a ideia de que vivemos numa democracia, e o direito/dever concedido a cada cidadão livre de escolher os seus representantes através de um voto possibilita que uma elite coloque os conhecimentos e capacidades ao serviço do povo que a elegeu. Esse esforço conjunto de cidadãos trabalhadores/votantes e eleitos (no duplo sentido) permitiria o progresso dos países.
Não é este o espaço para longas considerações sobre o real modo de funcionamento das coisas, mas não era de desprezar que alguém tivesse notado a presença de um dos ministros demissionários e do líder de um partido da oposição numa reunião internacional de elites.