O caixote do lixo revela-se o sorvedouro essencial. Aquilo que este falha em absorver, escorre em forma de revistas juvenis, concursos de província e outros quejandos, rodeados pelo zumbir das moscas imprimidoras.
Nenhuma forma de escrita é completamente repreensível, mas parece-me incontornável submetermo-nos à selecção natural.
Devido ao congénito mau cheiro, impõe-se um banho de humildade. Vergarmo-nos perante as bibliotecas que estão à espera de ser lidas, todas as coisas que outros conseguiram dizer de todas as maneiras. E não só os clássicos. Quem escreve sem ler, e sobretudo quem escreve depois de somente ter lido literatura, escreve mal ou não o faz de todo. As novas, refrescadas formas de dizer o mesmo, exigem filosofia, sociologia, viagem e outras coisas que nada têm que ver com papel e caneta.
Composto o bornal, feito de provisões que nos mantenham na grande empresa, parte-se então em busca do tal esquema, estrutura, rede. Para além dos tijolos (ideias) e argamassa (lógica), nada se ergue sem um plano arquitectural, ou seja, o edifício está condenado a cair ainda durante os trabalhos se não forem seguidas as linhas orientadoras previamente traçadas a regra e esquadro.
Estamos agora em velocidade de cruzeiro.
Existe a matéria-prima e o plano que lhe dá propósito. Sabemos o que dizer, como, durante quanto tempo, para quem e para quê.
Não é, contudo, caso para celebração. Há tudo o resto que ainda espreita.