Os impostos foram sempre uma das principais fontes de rendimento de qualquer governo ou organização similar.
Não me dispus a fazer a contabilidade que me revelaria se a sociedade contemporânea lida com mais ou menos impostos que as suas antecessoras, mas talvez não seja ousado afirmar que, por qualquer razão, estamos livres de alguns dos mais absurdos.
São famosos até ao fim do século XVII, pelo menos, os inúmeros tributos relacionados com circulação. «Quereis atravessar as minhas terras? Pagai». «Quereis atravessar este caminho? Pagai». «Quereis passar esta ponte? Pagai». «Quereis navegar este rio? Pagai». E por aí em diante. Na sua maioria, tais cobranças financiavam o Tesouro Real ou as fortunas pessoais da Nobreza.
Fui contudo, há pouco tempo, recordado de um dos mais absurdos impostos alguma vez aplicados. O imposto que vigorava nas Ilhas Britânicas, até ao século XVIII, relacionado com o número de janelas nas casas. Para quem não sabe, um dos meios que a Monarquia estabeleceu para financiar os devaneios militares, foi taxar o número de janelas em cada habitação. Quanto mais janelas, maior a taxa. A sustentar isto, presume-se que estava a noção de que quanto mais janelas, maior e mais rica seria a casa, logo maior o imposto.
O resultado natural foi termos uma paisagem urbana (e rural) invadida por habitações de dimensão variada, com o menor número de janelas possível. Ou seja, poder-se-ia atingir o cúmulo de termos residências com áreas enormes, mas salpicadas com o número mínimo de aberturas, transformando os locais em verdadeiras masmorras. No meio rural, os casebres chegavam a ficar reduzidos a uma porta.
Podemos, a partir disto, extrapolar. E associar janelas a luz, luz a abertura de espírito, espírito a conhecimento, conhecimento a liberdade, liberdade a poder.
E de como se asfixia tudo isto com o mais simples dos garrotes.