O Pré-Romantismo surge enquanto movimento literário que prepara a nova sensibilidade romântica. Procura conciliar a expressão classicizante com estados de alma caracterizados por tudo aquilo que se liga ao indivíduo.
O Romantismo trouxe à literatura uma expressão inédita do amor (amor fatal) e com ela um aprofundamento, uma sondagem de meandros penumbrosos da vida psicológica, instintiva e afectiva. Os poetas chamados pré-românticos (nados e educados no século XVIII, logo de formação clássica, mas em boa parte românticos sem terem consciência exacta das tendências novas que os impeliam, do movimento que anunciavam, da sensibilidade e da estética diferentes que só mais tarde viriam a definir-se) iniciaram corajosamente uma nova época na história cultural do amor.
Nas ideias, no sentir, bem como na estética literária, Bocage reflecte uma época de transição. Vazou a turbulência subjectiva em formas inadequadas, nos subgéneros clássicos e arcádicos. Em Camões aprendeu a arte do soneto, e com ela assimilou atitudes espirituais (introspecção, ausência, desengano, gritos de alma…). Não prescindiu do aparato mitológico, da expressão convencional, latinizante. Foi contudo pré-romântico pelo gosto da solidão e do horrível, pela cenografia macabra, pelo sabor teatral do monólogo lírico, arrebatado. O repentismo e a sátira tornaram Bocage uma figura proverbial, mas que acusou demasiado a influência depressora da época.
Nos poetas desta fase poderemos encontrar o gosto pela solidão, pelos temas da noite, da morte, a identificação da natureza com os estados de alma, a preferência por paisagens sombrias, o amor à liberdade e à pátria.