Autores Mexicanos – Octávio Paz

unnamedViveu entre 1914 e 1998. Foi  poeta, ensaísta, tradutor e diplomata, notabilizado pelo seu trabalho prático e teórico no campo da poesia moderna e de vanguarda. Recebeu o Nobel de Literatura de 1990.

Escritor prolífico, cuja obra abarcou vários géneros, é considerado um dos maiores escritores do século XX e um dos grandes poetas hispânicos de todos os tempos.

Passou a infância nos Estados Unidos, na companhia da família. De volta ao seu país, estudou Direito na Universidade Nacional Autónoma do México. Tirou também uma especialização em Literatura. Morou em Espanha, onde conviveu com diversos intelectuais e ainda em Paris, no Japão e na Índia.

Em 1945, ingressou no serviço diplomático mexicano. No período de Paris, testemunhou e viveu o Movimento Surrealista, sofrendo grande influência de André Breton, de quem foi amigo. Na sua criação, experimentou a escrita automática, tendo praticado posteriormente uma poesia ainda vanguardista, porém mais concisa e objectiva, voltada para um uso mais preciso da função poética da linguagem.

Publicou mais de vinte livros de poesia e incontáveis ensaios de literatura, arte, cultura e política.

Octávio Paz nasceu a 31 de Março de 1914, durante a Revolução Mexicana. Nasceu em Mixcoac, uma aldeola que faz hoje parte da Cidade do México. Foi criado pela mãe,  tia e avô paterno – soldado, intelectual liberal e romancista. O seu pai, o mais novo de sete irmãos, trabalhou como escrivão e advogado para a família de Zapata; esteve envolvido na Reforma Agrária implementada após a Revolução e colaborou com outros movimentos políticos. Todas estas actividades fizeram com se ausentasse de casa durante largos períodos.

Foi educado nos Estados Unidos, para onde o pai viajou em 1916 como representante de Zapata. Regressaram ao México quase quatro anos depois, em 1920. Depois da morte do pai, mudou-se para Espanha para se juntar aos Republicanos na Guerra Civil, e participou na Alianza de Intelectuales Antifascistas.

Estudou Direito, Filosofia e Letras na Universidade Nacional Autónoma do México (UNAM). Em 1937 viajou até Yucatán como membro das missões educativas do general Lázaro Cárdenas, numa escola para filhos de trabalhadores e camponeses de Mérida. Foi aí que começou a escrever Entre la piedra y la flor (1941), poema sobre a dramática exploração do campo e do campesinato. Casou-se com a dramaturga, escritora e poeta Elena Garro que conheceu na UNAM, e com quem teve uma filha, Laura Helena, divorciando-se em 1950. Em 1959 envolveu-se com Bona Tibertelli de Pisis, com quem esteve até 1965, período em que foi embaixador do México na Índia. No ano seguinte, casou-se com a francesa Marie José Tramini, última companheira.

Em 1937, Paz foi convidado para ir a Espanha durante a Guerra Civil como membro da delegação mexicana ao Congresso Antifascista, onde expressou solidariedade para com os republicanos e onde conheceu e conversou com os poetas da revista Hora de España, cuja ideologia política e literária tinha influenciado a sua obra juvenil. Contudo, tal como confessou anos mais tarde na série televisiva Conversaciones con Octavio Paz, esse sentimento de fraternidade foi abalado com a repressão exercida contra os militantes do Partido Obrero de Unificación Marxista de Cataluña, onde tinha alguns camaradas. Este prolongado processo de desilusão levá-lo-ia a denunciar os campos de concentração soviéticos e os crimes de Estaline em 1951.

No regresso a Espanha, participou em 1938 na fundação da revista literária Taller, na qual escreveu até 1941.

Em 1943 iniciou os estudos na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Dois anos depois começou a trabalhar como diplomata mexicano, e foi enviado para França, onde ficou até 1951, tendo conhecido os surrealistas – que o influenciaram – e colaborado na revista Esprit. Durante esse período, em 1950, publicou El laberinto de la soledad, um inovador ensaio antropológico sobre o pensamento e identidade mexicanas.

De Janeiro a Março de 1952 trabalha na embaixada mexicana na Índia e de seguida, até Janeiro de 1953, no Japão. Regressa depois ao México, com novas funções.

Em 1954, Paz «participa activamente na fundação da Revista Mexicana de Literatura, influenciada politicamente pela ideia da ‘terceira via’, ou seja, nem à esquerda, nem à direita, ideia proveniente de Paris e de León Blum». Os primeiros números contam com o apoio de Paz, até que quatro anos mais tarde, regressa à Europa.

Depois de uma vida cheia de colaborações, viagens e actividades, a 19 de Abril de 1998, Octávio Paz morre na sua casa, na Cidade do México.

Experimentação e inconformismo são talvez as duas palavras que melhor definem a obra do autor. Contudo, Paz é um poeta difícil de prender a um rótulo. Nenhum deles define a sua poesia: inicialmente neomodernista depois existencial e até a espaços, com marcas do surrealismo. O autor afirma no entanto que a sua influência fundamental foram os surrealistas, pois nos anos 40 eram os mais próximos do pensamento libertário.

No fundo, trata-se de um poeta sem raízes profundas num só movimento pois esteve sempre atento às mudanças que se iam dando no campo da poesia e experimentava constantemente, tornando-se a sua obra algo de muito pessoal e original, como todos os grandes trabalhos. Dono de um grande lirismo, evoca imagens de acentuada beleza. Após uma fase de cariz social, presente nos primeiros trabalhos, começa a notar-se uma vertente existencialista, nomeadamente através da saudade e do isolamento. Uma das obsessões mais frequentes nos seus poemas é a de poder fugir às barreiras do tempo, o que fez com que criasse uma poesia espacial, cujos poemas foram apelidados pelo autor de topoemas (de topos + poema). É essa a definição da poesia espacial: oposta à típica poesia temporal e discursiva. Trata-se de uma poesia intelectual e minoritária, quase metafísica. Os últimos poemas são repletos de esoterismo.


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Este livro reúne uma grande parte dos poemas escritos por Octávio Paz entre 1935 e 1957. O autor exclui e modifica poemas até à segunda edição de 1968, que considera o «verdadeiro primeiro livro».

O título, que surge de outros textos previamente escritos, ilustra a ideia que o autor faz da sua poesia, contendo influências de T. S. Eliot,  Mallarmé, e do Surrealismo enquanto movimento.

Está dividido em cinco partes:

  • Sob a tua sombra clara
  • Calamidades e milagres
  • Sementes para um hino
  • Água ou sol?
  • A estação violenta

A saudade – central na obra de Paz – o amor, a morte, a solidariedade, as contradições sociais, são alguns dos temas  recorrentes.

 

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