A história coloca o narrador no papel de observador participante, com clara influência na noite do protagonista.
O combustível dos eventos foi inevitavelmente a famosa Guinness, no fundo a verdadeira estrela de serviço.
Desta vez, o narrador não se enganou na porta. Partilhava quarto com um colega e ao chegar de mais uma noite animada, percebeu que este tinha companhia feminina. A opção mais lógica passava por dormir no carro, mas Guinness e lógica estabelecem demasiadas vezes trajectórias discordantes.
Em vez disso, decidiu deitar-se na cama ao lado e cobrir a cabeça com um lençol. O problema, foi que optou igualmente por cantar velhas canções irlandesas. Temos portanto um casal a tentar fazer qualquer coisa perante a cantoria desafinada e desenfreada do narrador alcoolizado. Depois de inúmeros e infrutíferos pedidos de silêncio, o colega rende-se à evidência e decide levar a namorada a casa.
Não teria grande interesse o episódio se nos esquecêssemos de mencionar que a única coisa que este envergava na altura eram as suas botas de vaqueiro e o respectivo chapéu. Foi neste estado que entrou no carro que o levou até ao destino e foi neste estado que regressou, com os nervos em polvorosa.
Não ajudou certamente, o facto de nesse retorno ter sido interceptado pela brigada de trânsito. Muito menos ter sido acusado de condução sob o efeito de álcool, atentado ao pudor e desrespeito à autoridade. Tudo redundou numa noite na cadeia.
Na manhã seguinte, o narrador foi convocado para se deslocar à esquadra, no sentido de fornecer algumas roupas ao colega. Recusou, numa clara estratégia de sobrevivência.
Não voltaram a encontrar-se até ao dia de hoje.