Consultei diversos dicionários. Em todos, um denominador comum.
O que é conhecido como «conspiração» ou «teoria da conspiração» é sempre algo dirigido «contra o Estado» ou «contra o Governo». Nem vale a pena considerar o jogo de espelhos. A entidade abstracta conhecida como «Estado» é impoluta. Qualquer coisa de negativo, intrusivo, ofensivo, prejudicial, perigoso, é «contra o Estado» por parte de uma entidade externa. Nunca o inverso.
Não existe, portanto, qualquer possibilidade, por mais académica que seja, de ser o «Estado» a executar qualquer coisa de negativo contra o exterior, ou seja, contra a população. Nem em nome das estatísticas, tão-pouco enquanto princípio do contraditório. Não acontece.
Com a generalidade da população, passa-se algo de muito semelhante. Aqueles que ousam partilhar desconfianças sobre a versão oficial das coisas, são imediatamente descartados. Como dizia George Carlin, «a mera ideia, ao menos em nome do entretenimento, de que um grupo de poderosos se possa reunir para debater de forma privada um conjunto de estratégias para a sociedade que influenciam, é inconcebível para as pessoas. Quem tal sugere é um ‘teórico da conspiração’, um doido, um palerma».
Dentro deste grupo maioritário, existem naturalmente subgrupos. Entre os que nunca sequer conceberam tal hipótese, para quem isto é tão abstracto como o Universo e os que simplesmente receiam admitir essa possibilidade (como se receia qualquer coisa de novo, de estranho, de desestruturante), preferindo agarrar-se a outras plataformas «lógicas» para a explicação da Realidade (Democracia, Religião, Valores, Moral, Direito, Sistema monetário-financeiro) existem instintivas diferenças.
Contudo, todos eles estão à mercê.