Se existe secção neste espaço que tem sido abandonada ao labor do pó, é sem dúvida a que pretende dedicar-se ao Cinema.

Não de forma voluntária, como é fácil de adivinhar, mas porque a ditadura do momento, a pressão de textos considerados mais importantes ou uma certa ausência de clareza sobre a melhor forma de explorar este recanto foram para isso contribuindo.

Aquando da criação, assumi que – tal como sucede com a secção de Música – todo o espaço estava já sobejamente preenchido por letras, por vezes um verdadeiro oceano de letras que as correntes organizavam em diferentes temáticas, sendo por isso de apreciada utilidade que existissem bolsas feitas de sons e imagens, ilhas sem texto para se poder respirar a sua ausência.

Porém, se tal acabou por ser confirmado no que diz respeito à Música, teve por outro lado o condão de ostracizar a gaveta do Cinema, reduzida a sugestões breves e demasiado espaçadas no tempo.

Está longe de ser o objectivo. E está, sobretudo, muito longe de ser o papel que o Cinema cumpre na nossa existência.

A partir de hoje, passará a estar disponível uma crónica associada ao filme escolhido para o respectivo número de O Postigo, que não cumprirá com os formatos e regras habituais deste tipo de análises.

Ou seja, será reflexo de uma visão pessoal, sem preocupações exageradas com a ficha técnica ou com a ausência de revelações importantes sobre o enredo.

Aliás, aconselha-se mesmo os potenciais visitantes a observarem a película em causa antes de qualquer leitura, pois não temos livro de reclamações.

Assim sendo, guardem – por favor – as pipocas, boas leituras e bom filme.