Viveu entre 1867 e 1900. Poeta nascido na cidade do Porto, cuja obra se insere nas correntes ultra-romântica, simbolista, decadentista e saudosista (interessada na ressurgência dos valores pátrios) da geração finissecular do século XIX português. A sua principal obra, Só (1892), é marcada pela lamentação e nostalgia, imbuída de subjectivismo, mas simultaneamente suavizada pela presença de um fio de auto-ironia e por uma rotura com a estrutura formal do género poético em que se insere, traduzida na utilização do discurso coloquial e na diversificação estrófica e rítmica dos poemas. Apesar da sua produção poética mostrar uma clara influência de Almeida Garrett e de Júlio Dinis, insere-se decididamente nos cânones do simbolismo francês. A sua principal contribuição para o simbolismo lusófono foi a introdução da alternância entre o vocabulário refinado dos simbolistas e um outro mais coloquial, reflexo da sua infância junto do povo nortenho.
Faleceu com apenas 32 anos de idade, após uma prolongada luta contra a tuberculose pulmonar.
Foi em Paris que contactou com Eça de Queirós, na altura cônsul de Portugal naquela cidade, e escreveu a maior parte dos poemas que viriam a constituir a colectânea Só.
Seria a sua única obra publicada em vida, mas constitui um dos marcos da poesia portuguesa do século XIX. Esta seria, ainda com o autor vivo, reeditada em Lisboa, com variantes, lançando definitivamente o poeta no meio cultural português. Aparecida num período em que o simbolismo era a corrente dominante na poesia portuguesa, Só diferencia-se dos cânones dominantes desta corrente, o que poderá explicar as críticas pouco lisonjeiras com que o livro começou por ser recebido em Portugal. Apesar desse acolhimento, a obra de António Nobre teve o mérito, juntamente com Cesário Verde, Guerra Junqueiro, Antero de Quental, entre outros, de influenciar decisivamente o Modernismo português e tornar a escrita simbolista mais coloquial e leve.
Apesar da morte prematura, António Nobre influenciou os grandes nomes do modernismo português, como Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, deixando uma marca indelével na literatura lusófona.
Livro feito de poemas amargos, de uma tristeza que espelha o homem doente que o poeta já desconfiava ser, um homem sem esperança, frustrado e afogado no tédio.
Porém, nem tudo é tristeza. Há também memórias de uma infância feliz no Norte provinciano e popular: os pescadores, os pregões e a praia de Leça; as romarias, as procissões, os sinos da igreja e os aldeões do Seixo…