
© Alan Crowhurst
Nos idos de 2015, desloquei-me ao Festival Equestre de Dublin, curioso com mais uma nova experiência. Fora anunciado como um dos eventos estivais mais conceituados no país, a nível desportivo e social. Tratava-se da 141ª edição de um evento que todos os anos recebe uma média de 100 mil pessoas, que chegam de todos os cantos do mundo.
Visto nas televisões, o hipismo surgiu-me sempre como pouco cativante, repetitivo e monótono.
É grande a diferença ao vivo. A emoção das bancadas, a proximidade dos competidores, o alargar da perspectiva, tudo isso muda o cariz da proposta.
O evento de encerramento, uma prova internacional de saltos denominada «Internacional Grand Prix», reuniu alguns dos melhores neste desporto, inclusivamente a filha do famoso cantor Bruce Springsteen. A final foi dominada por americanos, franceses e três solitários representantes da Colômbia, Canadá e Suécia, para além do homem da casa. Para trás ficaram alemães, holandeses, ingleses e até ucranianos ou brasileiros. A emoção imperou. Um dos favoritos do público, a dita descendente da estrela americana, desiludiu. Depois, o par de franceses partilha o primeiro lugar, com uma inacreditável semelhança até ao centésimo. Outro americano ultrapassa-os e quando menos se esperava, o homem da casa levanta as bancadas com a prova perfeita. Restava apenas o canadiano, o único que podia estragar a festa. Ameaça seriamente fazê-lo, mas no terço final da prova, quando o burburinho era evidente, o cavalo derruba uma barreira e o público não se contém, celebrando. Essa falha milimétrica custa-lhe o título, que fica entregue ao irlandês, para gáudio dos presentes.
A chuva, sempre habitual em Agosto por aquelas bandas, começou a aumentar cada vez mais e afugentou-me rumo a casa, em busca de uma chávena de chá.