Nasceu em Lisboa, em 1923. Fez os seus estudos na Escola António Arroio. Seguiu para Paris, onde se dedicou à Poesia e às Artes Plásticas. Em 1947, foi um dos fundadores do Grupo Surrealista de Lisboa. Para Alexandre O’Neill, Cesariny:
…nunca foi surrealista: foi sempre só-realista, contudo, o maior poeta vivo.
Adopta uma atitude estética de constante experimentação nas suas obras e pratica uma técnica de escrita e de pintura amplamente divulgada entre os surrealistas. A sua poesia é animada por um sentido de contestação a comportamentos e princípios institucionalizados ou considerados normais nos campos do pensamento e dos costumes. Ao recorrer a processos tipicamente surrealistas (enumerações caóticas, utilização sistemática do sem-sentido ou do humor negro, formas paródicas, trocadilhos e outros jogos verbais, automatismo, etc.) alcança uma linguagem que sabe encontrar o equilíbrio entre o quotidiano e o insólito. Introduz também a técnica designada «cadáver esquisito», que consiste na construção de uma obra por três ou quatro pessoas, num trabalho em cadeia criativa em que cada um dá continuidade, em tempo real, à criatividade do anterior, conhecendo apenas parte do que este fez.
Nos últimos anos de vida, desenvolveu uma frenética actividade de transformação e reabilitação do real quotidiano, da qual nasceram muitas colagens com pinturas, objectos, instalações e outras fantasias materiais.
Sobre as sessões para as quais o convidavam e onde o aplaudiam, o poeta comentava:
Estou num pedestal muito alto, batem palmas e depois deixam-me ir sozinho para casa. Isto é a glória literária à portuguesa.
Morreu em 2006.
O tom da sua escrita, que vibra como uma cidade, como um corpo, é ao mesmo tempo coloquial e mágico, presente e oculto, poético e prosaico. O humor, a ironia, a surpresa brotam nestes poemas, fazendo deles actos de insurreição, manifestos, coisa viva.