Nota prévia: Apesar de esta ser uma secção dedicada ao Cinema, abre-se aqui uma excepção para abordar o final de uma das mais emblemáticas séries televisivas de sempre, cujo contexto e personagens deram origem a inúmeros filmes de variável qualidade, ainda que nenhum superior ao trabalho da televisão inglesa nos anos 80.
A primeira vez que tomei contacto com a criação literária de Agatha Christie, corria o ano de 1989. Entrou-me em casa a imagem de um pequeno detective belga, meticuloso, peculiar, fisicamente frágil e psicologicamente brilhante. Exibia com orgulho a sua imagem de marca, um pequeno e trabalhado bigode, logo acima do lábio. Fascinado com os primeiros episódios, corri a comprar os livros, apesar das tropelias de infância nunca me terem permitido lê-los com total atenção.
O interesse pela personagem interpretada com brilhantismo por David Suchet manteve-se, todavia. À semelhança de quase todos os aficionados, nunca tolerei que qualquer outro actor roubasse a Suchet os maneirismos do seu Poirot. É ele o único e o definitivo.
Ainda que nos livros as coisas não se passem exactamente assim, nas séries que se produziram ao longo de 25 anos os autores decidiram criar uma espécie de quarteto fantástico. Ao exímio detective belga associaram-se em diferentes alturas e por diferentes razões o capitão Hastings, o inspector-chefe Japp e a secretária Felicity Lemon, mais conhecida como Miss Lemon. Na sua época de ouro, a década de 30, formavam uma equipa quase imbatível no combate ao crime, sobretudo ao que ocorria na alta sociedade londrina, com frequentes incursões à província campestre. Sem nunca roubar a Poirot o estrelato obrigatório para um homem com a sua personalidade, cada um destes tinha contudo o seu papel fundamental, sendo muitas vezes as suas aparentes asneiras, descuidos ou frases soltas que encaminhavam o dono das «fantásticas celulazinhas cinzentas» na direcção correcta.
Ao longo dos anos, inúmeras vezes se perguntou – dentro e fora da tela – «what is it with Poirot?» ou seja, «qual o segredo de Poirot?», por que razão é tão adorado, tão brilhante, tão consistente. David Suchet, o actor que lhe deu vida mas que também muito viveu à conta dele, procurava resumir: «Perante a adversidade, num mundo caótico, numa década entalada entre duas guerras mundiais, Poirot era o farol, o pilar moral, aquele com quem se podia sempre contar. As pessoas sentiam-se seguras em seu redor, sabiam que mais cedo ou mais tarde ele restabeleceria a ordem e a justiça, fosse a retirar uma grama de pó de cima da mesa ou a encarcerar um assassino».
Estamos, note-se, a falar de uma personagem fictícia, mas ainda assim uma que teve honras de notícia de jornal no dia em que Agatha Christie decidiu «matá-lo». Por todo o lado onde Suchet se desloque é recebido como se de Poirot se tratasse e parece que na «Bélgica natal» até existem ruas com o seu nome. Seu, Hercule Poirot, evidentemente, não David Suchet, o mero corpo que mantém vivo o mito.
Com algum tempo de atraso, tive por fim oportunidade de ver o último episódio da saga, apropriadamente denominado «Curtain – Poirot’s Last Case». Tinha decerto ouvido e lido sobre o assunto, acerca de todo o secretismo que envolveu o livro antes de ser publicado nos anos setenta e sabia qual tinha sido o destino final da personagem. Não estava porém à espera de uma reviravolta tão brilhante, o que só prova o carácter de Agatha Christie.
Recordemos: ao longo de cada livro e cada episódio, foram 25 anos de absoluta perfeição em Hercule Poirot. Rodeado dos seus humanos mas ainda assim fiáveis companheiros, o pequeno belga era inatacável, acima da mais pequena nódoa, quase mitológico, pairando sobre nós como uma sombra benévola. Chegou-nos pela primeira vez em plena Grande Guerra – 1916 – e connosco ficou até 1946, logo após a Segunda. No primeiro caso, teria já mais de trinta anos, pelo que no fim especula-se que terá entre 65 e 70.
O modo como os dias finais de Poirot são abordados roça a perfeição. Tudo conflui numa única afirmação: O mundo mudou – não esquecer que estaremos em 1946, ou pouco depois, no rescaldo da II Guerra – e esse mundo já não é o de Hercule Poirot. O ocaso tomou conta desse imaginário. O inspector Japp e Miss Lemon desapareceram, entregues a reformas obscuras na província. Hastings, viúvo e pai de uma filha que lhe é distante, surge mais abatido e solitário que nunca. O seu regresso prende-se com um apelo do amigo eterno, alguém que ele sempre viu como um mestre paternal. O local, nada menos do que a propriedade onde se conheceram trinta anos antes, na altura uma rica casa senhorial, hoje uma decrépita, falida e soturna casa de hóspedes. O mote está lançado. Todo o universo «Poirotesco» está arruinado, prestes a desfazer-se em pó, empurrado para o esquecimento pelo novo mundo que terá forçosamente de nascer dos escombros da guerra. A pedra de toque é o primeiro plano que nos dão do famoso detective. Um corpo enrolado, corcunda, aprisionado numa cadeira de rodas, mãos encarquilhadas como garras de águia, sufocado e estremecido por uma angina de peito que se tornará fatal em devido tempo. Eis o que resta – fisicamente – do grande Hercule Poirot.
A mente – diz-nos ele – as famosas «celulazinhas cinzentas», estão contudo afiadas como nunca, versão corroborada com tolerância por alguns dos hóspedes que o acompanham. Como todos os monstros sagrados, todos os mitos vivos, a dignidade de Poirot é sustentada pela fama que o precede.
O motivo do apelo de Poirot é, como não podia deixar de ser, um crime. Ou antes, o pressentimento acerca da proximidade de um crime. Privado da maioria das suas capacidades físicas, Poirot socorre-se uma última vez do seu inestimável parceiro, incumbido de ser «os olhos, ouvidos e passos» que faltam à mente brilhante. Terão estes receios fundamento ou serão apenas um derradeiro estertor, um saudosismo desesperado da parte de Poirot, ansioso por reviver uma última vez as emoções de um grande caso? «O velhote não pára de falar em si», dizem a Hastings assim que ele chega.
Ainda que pouco evidente ao longo da tal década gloriosa, uma leitura mais cuidada permite identificar uma característica comum a todas estas personagens: a solidão. E pode estar precisamente aí, um dos factores sub-reptícios da sua união. Senão vejamos: Poirot, apesar de algumas ameaças, nunca abandonou o celibato. A sua vida é a sua carreira, Hercule Poirot está demasiado prisioneiro de Hercule Poirot para poder ser outra coisa. Isto é notório durante todos os anos em que Miss Lemon trabalhou como sua secretária, sendo ela própria uma mulher solteira que mais do que uma vez se mostrou disponível para ser cortejada pelo detective. A sua dedicação e preocupação maternais revelavam, por entre o respeito, admiração e amizade, uma porta aberta que Poirot nunca quis ver. E é solteira que Felicity Lemon se retira para a província. O prosaico inspector Japp era casado há muitos anos e não me recordo de qualquer imprevisto que tenha alterado essa condição, mas isso não impedia que fosse igualmente um homem entregue à sua própria melancolia. Não apenas pela noção intrínseca de que estava e estaria sempre na sombra do grande Poirot, mas porque ao longo dos anos, variados foram os sinais de que o casamento de Japp era muito mais um caso de acomodamento e tradição do que de amor verdadeiro. São de recordar os episódios onde este passa uns dias em casa de Poirot devido a uma viagem da mulher, vendo-se incapaz de lidar com o serviço doméstico. Ou o famoso Natal em que Poirot se desloca a uma obscura terriola para resgatar Japp de um conjunto de festividades deprimente.
Hastings acaba por ser o exemplo mais paradigmático. Eterno celibatário, um «bom ingénuo», que subsiste da pensão de invalidez que recebe das Forças Armadas (feriu uma perna na Guerra), e que se perde por carros e apostas de cavalos. A ingenuidade e até um certo travo a simplório, não permitem contudo a Hastings uma completa integração nas coisas. É alguém que, como já se disse, vê naquele bizarro amigo belga chamado Poirot o seu guru, o seu mestre paternal, um irmão mais velho que o guia com a sua «luz-inteligência». É Poirot que no final de um dos seus casos encaminha Hastings para os braços da futura mulher, é Poirot que salva Hastings da bancarrota quando os seus negócios na Argentina falham e outra vez quando o mesmo destino aguarda um restaurante recém-aberto. Hastings é aquele tipo de pessoa que sabe até que ponto o seu temperamento e limitações o diminuem e não encontra saída para tal beco.
O que resta agora a Hastings? Viúvo, de novo entregue a si próprio, é aparentemente desprezado pela filha por razões pouco claras. Esta é tudo o que o pai nunca foi: fria, calculista, empreendedora, conhecedora da natureza humana e por isso dona de um cinismo amargo.
Poirot é também ele um homem à beira do abismo. A sua personalidade contraditória, que tinha tanto de piedoso e afável como de irascível e arrogante, está agora no ponto de rebuçado. A invalidez física apimentou os períodos ciclotímicos e podemos vê-lo deveras emocionado com a presença do amigo apenas para descobri-lo horas depois a vilipendiar a pouca inteligência do pobre Hastings, com uma crueldade nunca vista. O capitão murmura «Enfim, Poirot, isso não é muito simpático» à medida que Hercule vocifera por entre os ataques de tosse «Você tem um pedaço de barro no lugar do cérebro».
A atmosfera da casa de hóspedes é absolutamente apropriada ao estado mental dos habitantes e do próprio público, testemunhas do que já sabemos ser o fim de Poirot. As paredes estremecem, as teias de aranha acumulam-se, faltam as bebidas, o papel de parede desfaz-se, o vento abana as janelas de madeira velha, as divisões afogam-se numa sombra profunda, que as pequenas velas – últimos suspiros daquelas vidas – não conseguem afugentar.
Em pouco tempo se conclui que Poirot estava certo numa coisa. Existe um assassino à solta entre as esquinas. O que se torna surpreendente, é que este está muito longe de ser o típico assassino do mundo «Poirotesco». Ou seja, alguém humano, muito mais mundano que o detective, normalmente movido por interesses financeiros ou questões passionais. E Poirot, cujo forte sempre foi o factor psicológico, a sua capacidade e conhecimento profundo das idiossincrasias humanas, transformava-se quase sempre numa espécie de semideus, que reunia os suspeitos num local fechado sob a protecção policial de Japp e discursava sobre moral e metodologia, antes de revelar o culpado com gestos teatrais. Este, de tão assoberbado, chegava não poucas vezes a confessar ali mesmo o crime, colaborando com o herói na revelação dos detalhes mais obscuros do processo. Não desta vez.
Poirot, no seu último caso, encontrou enfim a sua Némesis. Não se deparou com um criminoso, mas com o Crime. Não encontrou um mal, mas o Mal. Algo intangível. Que sim, pode para efeitos práticos transformar-se por momentos num interlocutor de carne e osso para Poirot, também ele uma cómica forma humana do outro lado do espectro, mas não é de todo alguém que se deixe aprisionar nas vulgares teias da lei dos homens e se possa prender no laço de uma forca.
O enfraquecido detective sabe disto, ou receia pelo menos que assim seja, o que provoca nele uma transformação extraordinária. Um homem que apesar de católico se rendera sempre à ordem, à razão, à ciência, alterna agora esses processos com rezas repetidas, com desesperos irracionais, com diálogos febris para ninguém.
Esta é, na minha opinião, a maior derrota de todas. O Mal que o pequeno belga combateu com sucesso durante toda a vida, revela-se nos derradeiros momentos mais forte do que ele. A «última esperança» o «farol» o «pilar moral», em redor do qual «todos se sentiam seguros» quebrou finalmente. O Mal irá vencer. Não é de estranhar esta visão por parte da escritora, se recordarmos uma vez mais que todo aquele imaginário estava a sair da Segunda Grande Guerra. O velho mundo estava condenado e muitos talvez não gostassem da cara do que se avizinhava.
A prova definitiva para Poirot, aquela que lhe confirma que a batalha final se aproxima «sejam quais forem as consequências», é o que sucede com Hastings. Porque aquela casa é apenas um elemento físico para compartimentar o lado mais obscuro que existe em cada um de nós. Em cada ser humano. Sim, também em Hastings. Sim, também no próprio Hercule Poirot. Todos nós, nas devidas circunstâncias, podemos ser levados a cometer o mais terrível dos actos. É isto que defende a filha do capitão, por exemplo, numa fase inicial, perante a discordância chocada dos dois velhos amigos. A realidade encarrega-se de provar isso mesmo. Em devido tempo, com a motivação adequada e incitado pela tal sombra criminosa que paira entre as paredes, Arthur Hastings, quem sabe a personagem mais ingénua e bondosa da ficção mundial, transfigura-se radicalmente. Sobre ele desce um olhar gelado, uma resolução nunca vista, um plano odioso e é com ele em mente que o capitão se senta na sombra, pálido como um vampiro, glacial como o pior dos assassinos. Poirot pressente isto e pela derradeira vez, salva o amigo da perdição.
É contudo aberta um profundo golpe na convicção moral de todos. De Poirot, de Hastings, do público. Um golpe, ou nas palavras de Hercule, uma corrente de ar. «As correntes de ar serão o fim de nós todos», afirma. Está aberta a fissura para o lado negro. O último acto de Poirot é tentar fechá-la.
Convoca o «assassino» assinalado para os seus aposentos, num patético duelo ao pôr-do-sol, sob os relâmpagos da conveniente tempestade (moral). Eis tudo: trata-se de alguém que sendo tão ou mais perspicaz, tão ou mais conhecedor da natureza humana que Poirot – a tal Némesis, o tal Hercule «negro» – utiliza tal capacidade não para evitar os crimes, mas para os provocar. Na mente de cada cordeiro planta a semente da tentação, da raiva, da discórdia, remexe nas feridas passadas e deleita-se depois com os resultados da sua maquinação. É inimputável, intocável, pois não mexe uma palha, jamais. São as «vítimas» que se suicidam ou assassinam entre si. Não há outra prova que não a «intuição» de Hercule. Se quisermos recorrer à metáfora cristã, o verdadeiro demónio, por oposição ao anjo da guarda que Poirot sempre se considerou.
O jogo que o detective decide jogar está no entanto demasiado viciado. A mente do opositor é jovem, ao contrário da sua. O corpo do opositor é jovem, ao contrário do seu. Os escrúpulos e prisões morais no opositor são inexistentes, Poirot é sustentado por ambos. É então que o velho génio lança uma sombra da velha cartada. Aquela cartada final, que todos recordamos como conclusão dos casos ao longo das décadas, a famosa reunião de suspeitos, não passa agora de uma papagueada triste. O preâmbulo da derrota final de Hercule é a derrota da sua psicologia, a sua eterna coroa de glória. O pequeno belga dispara uma teoria freudiana, que pretende justificar os actos do «criminoso» com traumas de infância, com uma mãe que o ignorava, batia, maltratava e esfomeava, por «saber do que ele era feito». O opositor, para gáudio de Poirot, começa a gaguejar, a chorar, a babar-se e a «admitir» os «factos».
É então que se transfigura, retoma a postura inicial e observa Hercule com profundo e divertido desprezo. «Tiros no escuro, velho decrépito. Tiros no escuro».
Poirot está absolutamente chocado. Arrisco mesmo a dizer humilhado. E porque não, assustado. Hercule Poirot, que se gabava de ter falhado «quem sabe uma vez, ao longo da carreira» está indefeso, impotente e desorientado. Não desvendou a psicologia por detrás do criminoso, não está já capaz de reconhecer e manipular a «natureza humana». É o canto do cisne.
«E agora? Como te livrarás desta?» pergunta-lhe o outro – «Se não me matares, eu venço, se me matares, também venço. O moralmente inatacável detective, um assassino? E depois? O suicídio para evitar a forca? Mas que festim para o teu Deus».
E com isto retiramos o chapéu em homenagem a Hercule Poirot, o mito.
Pois a partir daqui, quem age tem forçosamente de ser outro.
O invólucro humano que continha o Mal aparece morto. «Suicídio, parece que contraíra dívidas». Hastings interroga-se sobre o óbvio: «Como se terá suicidado, com uma bala no meio da testa?». O mundo desinteressado ignora-o. «Esqueçam…tantos anos com Poirot…» desculpa-se. Logo em seguida, é o corpo do velho mestre que falha. Hastings, fiel a si mesmo, chega uns minutos tarde demais. De novo se interroga: «Porque será que Hercule desprezou o remédio?». E outra vez, o desinteresse: «Estava velho e teve um enfarte. Tinha chegado a hora dele».
Hercule Poirot não podia, contudo, deixar-nos sem uma última dissertação. Aquela que, sob a forma de carta e meses depois do seu desaparecimento, revela a sua derrota final, que ele tenta reescrever sob a capa de vitória.
O seu relato conta que, afinal, a sua saúde era menos precária do que a aparência dizia. Conta que a cadeira de rodas era um artifício, bem como o seu famoso bigode, que deixara de usar em favor de um postiço. E que por isso mesmo, na fatídica noite, foi capaz de fazer o que afinal sempre lhe fora reconhecido: «Se existe alguém no mundo capaz do crime perfeito é você, Poirot» – atirava-lhe Japp de vez em quando.
E na sua hora final, Poirot assim fez. Deixou de o ser, transformando-se apenas no vulgar Hercule. Um tipo cambaleante, sem bigode, embrulhado num velho roupão, vencido pelo obscuro, pelo maior dos pecados, que sem contemplações, com a calma comum ao pior dos homicidas, executa o seu rival com uma bala na cabeça, ao melhor estilo das máfias. No último instante, a «vítima» descerra os olhos, sorri e é com esse sorriso vitorioso que se deixa eliminar. Que coroa de glória. É o homem que levou o mito chamado Hercule Poirot ao assassínio e ao consequente suicídio.
Se Poirot ascendeu onde a sua convicção cristã o queria colocar, é talvez de lá que escreve as últimas palavras ao solitário e envelhecido Hastings, que agora as lê entre a obscuridade do antigo apartamento do detective:
«Apesar de tudo, foram bons tempos Hastings. Foram bons tempos».
E cai enfim o pano.
Muito obrigado pelo seu texto. Como fã da dama do crime, de Poirot e, de certa forma, de Suchet, considero-o excelentemente escrito. Tanto o livro quanto o episódio foram obras-primas, atores bem escolhidos, o próprio assassino muito bem interpretado. A morte do maior detetive o eternizou.
Novamente, sou grato pelo seu resumo.
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Muito obrigado Rafael, que bom que gostou. Espero que continue a acompanhar outros textos e temas. Até breve.
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