Viveu entre 1930 e 2015. Frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, tendo trabalhado em Lisboa como jornalista, bibliotecário, tradutor e apresentador de programas de rádio. Viajou por diversos países da Europa, realizando trabalhos corriqueiros sem nenhuma relação com a Literatura, e foi redactor da revista «Notícia» em Luanda, Angola, no ano de 1971, onde sofreu um acidente grave. Foi também um dos colaboradores da efémera «Pirâmide» (1959-1960).
É considerado um dos poetas mais originais em língua portuguesa. Revelou-se uma figura misantropa e em torno de si pairava uma atmosfera algo misteriosa, uma vez que recusava prémios e se negava a dar entrevistas. Em 1994 foi o vencedor do Prémio Pessoa, que recusou.
A sua escrita começou por se situar no âmbito de um surrealismo tardio. Em 1964 organizou com António Aragão o «1º Caderno Antológico de Poesia Experimental» (Cadernos de Hoje, Mondar editores).
Escreveu entretanto Os Passos em Volta, um livro que através de vários contos sugere as viagens deambulatórias de uma personagem por entre cidades e quotidianos, colocando ao mesmo tempo incertezas acerca da identidade própria de cada ser humano; «Photomaton» e Vox» é uma colectânea de ensaios e textos e também de vários poemas. «Poesia Toda» é o título de uma antologia pessoal dos seus livros de poesia, que tem sido depurada ao longo dos anos. Na edição de 2004 foram retiradas da recolha traduções suas. Alguns dos seus livros desapareceram das mais recentes edições de «Poesia Toda», rebaptizada «Ofício Cantante», nomeadamente «Vocação Animal» e «Cobra».
A crítica literária aproxima sua linguagem poética ao universo da alquimia, da mística, da mitologia edipiana e da imagem da mãe.
Faleceu a 23 de Março de 2015, vítima de ataque cardíaco, aos 84 anos, na sua casa em Cascais. Menos de dois meses após a sua morte foi publicado o seu último livro de originais, «Poemas canhotos», que tinha terminado pouco antes.
Aparentemente um livro de contos, histórias de enredos simples mas transcendentes, representam os passos de um homem em torno da sua existência, sem respostas paradigmáticas, num vazio que se procura transformar em matéria. Sobeja-lhe o corpo, divino, prodigioso e redentor, onde regressa sempre.