Viveu entre 1901 e 1969. Foi possivelmente o único escritor em língua portuguesa a dominar com igual mestria todos os géneros literários: poeta, dramaturgo, romancista, novelista, contista, ensaísta, cronista, jornalista, crítico, autor de diário, memorialista, epistológrafo e historiador da Literatura, para além de editor e director da influente revista literária «Presença», desenhador, pintor e grande coleccionador de arte sacra e popular.
Foi em Vila do Conde que José Régio nasceu no seio de uma família da burguesia provincial e aí viveu até acabar o quinto ano do liceu. Ainda jovem, publicou na sua terra-natal os primeiros poemas nos jornais «O Democrático» e «República». Depois de uma breve e infeliz passagem por um internato do Porto (que serviu de matéria romanesca para «Uma gota de sangue»), aos dezoito anos foi para Coimbra, onde se licenciou em Filologia Românica (1925) com a tese «As Correntes e As Individualidades na Moderna Poesia Portuguesa». Esta na época não teve muito sucesso, uma vez que valorizava poetas quase desconhecidos na altura, como Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro. Contudo, em 1941, acabou por ser publicada com o título «Pequena História da Moderna Poesia Portuguesa».
Em 1927, com Branquinho da Fonseca e João Gaspar Simões, fundou a revista «Presença», que veio a ser publicada (irregularmente) ao longo de treze anos. Esta publicação acabou por marcar o segundo modernismo português, que teve o autor como principal impulsionador e ideólogo. Este também escreveu em jornais como «Seara Nova», «Ler», «O Comércio do Porto» e o «Diário de Notícias». Colaborou ainda em diversas publicações periódicas, nomeadamente nas revistas: «Contemporânea» (1915-1926), «Principio» (1930), «Sudoeste» (1935), «Altura» (1945) e «Variante» (1942-43). Foi neste mesmo ano que José Régio começou a leccionar Português e Francês num liceu no Porto, até 1928, e depois em Portalegre, onde esteve quase quarenta anos. Durante esse tempo, reuniu uma extensa e preciosa colecção de antiguidades e de arte sacra alentejanas, que vendeu à Câmara Municipal de Portalegre com a condição de esta comprar também o prédio da pensão onde vivera e de a transformar em casa-museu. Em 1966, Régio reformou-se e voltou para a sua casa natal em Vila do Conde, continuando a escrever.
Fumador inveterado, acabou por morrer em 1969, vítima de ataque cardíaco.
Nunca se casou, mas não era celibatário, como demonstra o seu poema «Soneto de Amor».
Como escritor, é considerado um dos grandes criadores da moderna literatura portuguesa. Reflectiu em toda a sua obra problemas relativos ao conflito entre Deus e o Homem, o indivíduo e a sociedade. Usando sempre um tom misticista, analisando a problemática da solidão e das relações humanas ao mesmo tempo que levava a cabo uma dolorosa auto-análise, alicerçou a sua poderosa arte poética na tripla vertente do autobiografismo, do individualismo e da psicologia.
Teve uma participação activa na vida pública, mantendo-se fiel aos seus ideais socialistas apesar do regime conservador de então, mas sem condescender igualmente com a arte panfletária.
Recebeu, em 1966, o «Prémio Diário de Notícias» e em 1970 o «Prémio Nacional da Poesia».
Hoje em dia, as suas casas em Vila do Conde e Portalegre são casas-museu.
O grande clássico do autor, obra maior da Literatura Portuguesa, que integra entre outros poemas, «Cântico Negro».