A vida é uma constante tentativa de estruturar um enredo a partir de eventos independentes e fortuitos. Isto faz da História um exercício estilístico e da realidade um produto da imaginação.
Se o Universo fosse uma praia gigantesca – e sem me sujeitar ao rigor dos cálculos científicos – imagino que o planeta Terra não fosse maior que um grão de areia. Cada ser humano seria (sendo-o) irrisoriamente imperceptível. Nada melhor do que isto para adquirir perspectiva sobre a importância das coisas.
Parece-me que a criação de qualquer insignificância humana exige, paradoxalmente, uma inaudita porção de tempo. Vou mergulhando em sucessivas camadas de isolamento e constantes reordenações do mapa diário, na tentativa de atingir algo perene.