Talvez a rotina monótona que confina a maioria seja um modo de ocultar a verdadeira ordem das coisas.
Relógio, cuidados pessoais, transportes, trabalho, pausa, trabalho, transportes, lazer, sono – apenas o verniz superficial que mascara os núcleos.
Torna-se cada vez mais perceptível que a vida se rege por ciclos. Por ondas, ajuntamentos, impulsos, saltos, espasmos que necessariamente se intercalam com apatias, acalmias, silêncios, nadas.
Arrasta-se até resvalar pelas encostas, em bolas de neve crescentes.
Parece-me um fenómeno deveras curioso que tudo se assemelhe muito pouco à famosa linha continua e muito mais ao oceano.
Ondas encadeadas, cujos intervalos são a tomada de fôlego rumo ao resultado seguinte.
E por fim, uma espuma de nada na areia.