Os espíritos sérios de Paris, e mesmo os fúteis, têm nestes últimos tempos mostrado – e talvez sentido – uma preocupação ansiosa acerca da «mocidade das escolas».
É deste nome colectivo, marcando classe e casta, que se revestem os dois ou três mil rapazes, ruidosos e desalinhados que, no Bairro Latino, no país da boémia, frequentam as escolas (e sobretudo as cervejarias). Não os acuso desta frequentação mais especialmente festiva, porque desde Descartes e Espinosa a cerveja foi sempre uma companheira e uma inspiradora da filosofia. Apenas noto, e como um mérito dos seus anos alegres, que se eles dedicam a sua atenção ao livro, votam o seu entusiasmo ao bock – e há assim, em todos os seus actos e palavras, além de muito raciocínio, muita cerveja. Por cerveja eu entendo o impulso e turbulência do sangue quente – e aquecido. Em todo o caso, se alguns ficam regaladamente nos bancos da cervejaria, quando se trata dos trabalhos que a escola impõe – todos, sem que um único deserte, se reclamam da escola e dos seus bancos, desde que se trate dos privilégios que ela lhes confere como seus filhos espirituais.
Notas Contemporâneas