Aqui está esta pobre Carta Constitucional que declara com ingenuidade que o país é católico e monárquico. É por isso, talvez, que ninguém crê na religião e que ninguém crê na realeza!
Descrê-se da religião, a que se dá a honra de um parágrafo. A burguesia fez-se livre-pensadora. Tem ainda um resto de respeito maquinal pelo Todo-Poderoso, mas criva de epigramas as pretensões divinas de Jesus e diz coisas desagradáveis ao Papa. O cepticismo faz parte do bom gosto. Nenhum ministro que se preze ousaria acreditar em S. Sebastião. A Teologia, o maior monumento do espírito humano, faz estalar de riso os cavalheiros liberais. Desprezam-se os padres e despreza-se o culto, o que não impede que a propósito de qualquer coisa se exija o juramento…
Nos templos até, a religião caiu em descrédito. Ser padre não é uma convicção, é um ofício. O sacerdote crê e ora na proporção da côngrua. E como acredita mais na Secretaria dos Negócios Eclesiásticos do que na revelação divina, trabalha nas eleições.
O povo, esse, reza. É a única coisa que faz, além de pagar.
Uma Campanha Alegre