Sobre Insónias

© Eugène Atget

Mesmo no término da leitura do jornal, sou surpreendido pela seguinte notícia de costumes: uma piton de cinco metros e 45kgs evade-se de uma loja de animais exóticos, entra no sistema de ventilação, ascende ao primeiro andar onde dormem duas crianças, de sete e cinco anos, e estrangula-as durante o sono. Aconteceu no Canadá.

Este tipo de evento macabro encontra equivalências em qualquer galeria de mitos urbanos, histórias de terror ou secções pitorescas de jornais sensacionalistas.

Coincidentemente, encontra também uma gaveta no recanto da minha memória que armazena os pavores de infância. Nunca assimilei bem o conceito de seres vivos desprovidos de patas. A extrema agilidade, rapidez e frieza associadas também não me ajudavam a dormir de noite. Ainda hoje entro nos reptilários com relutância. Afinal o que é um vidro, comparado com cinco metros e 45kgs de capacidade estranguladora?

Como esta notícia demonstra, à semelhança de muitas outras no passado, a possibilidade de tal mito se materializar na vida real está longe de ser remota. Muitos acham boa ideia percorrer as selvas amazónicas em busca de tais predadores, vendidos a troco de fortunas a cidadãos com gostos bizarros. Mais cedo ou mais tarde, acidentes acontecem. E a diferença entre procurar o gatinho da vizinha na árvore ou acordar enrolado numa piton assassina, ainda é grande.

Há que referir ainda os espelhos, estatuária, quadros de rostos, bonecas de porcelana e mais uma ou outra coisa ideal para contos sobre o Fantástico e melhor ainda para garantir insónias.

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