A Mecânica Celestial – Um Sonho Azul

Esfera

Carruagem no lunar encantamento,
O cheiro de sangue
Fita o firmamento.
O lago… de marfim azul.

Coração falho de sentir
Olhou uma vez mais
Para uma vez mais pedir…
Um unicórnio ferido nos olhos.

Por muitas rodas, que a roda ande,
Não há fim aos movimentos enfernais.

Mundo Inferior

Grande mecanismo dourado
Quebra sem ruído
O mesmo destino alado
Morto depois de sentido.

Revolta nos conveses,
Praias desertas com cobras,
Andar de olhos fechados,
Assinar com outro nome.

Fim de ordem milenar
Num sussurro sem um ai,
Um colo de anjo a chorar
O abandono do pai.

 by Gerrit Greve ca. 1993

by Gerrit Greve ca. 1993

Féria Vontade

Mãos hábeis do profundo,
O toque anil da seda
Planeia o fim do mundo.
Calipso perseguindo Pégaso.

Coração falho de arrepender
Olhou mais uma vez
Para novamente se demover…
O céu… em chamas.

É comprida a velocidade leda
Ao chegar cansado da escura tez.

«Reminiscente de uma luta de floretes entre um Mestre idoso e o seu melhor aluno». Foi assim descrito este texto pelo seu autor, Nuno H., nascido um ano depois da Revolução dos Cravos, mas que nada guarda das ilusões da liberdade. Apenas publicado em revistas e jornais, prepara «um grande romance português».

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