De uma total ausência de racionalidade se faz a primeira abordagem ao infinito do branco.
As influências tinham chegado sem código postal, perfeitamente anónimas e a motivação que me fazia arrancar fumo do lápis era somente a de mergulhar numa história que ainda não tinha sido escrita ou lida. Desaparecer nesse outro mundo, suficientemente diferente e próximo do real, onde podia alimentar a ilusão de ser eu o decisor primordial. Só mais tarde a descoberta de que nem sempre assim é. A história existe por si mesma e demasiadas vezes nos resumimos ao escriba que aceita contá-la.
Foi ainda longo o processo de lapidar, peneirar e polir o que realmente carecia de ser dito, decretar o número de gavetas e em cada uma delas arrumar as diferentes cores e tamanhos. Já não se tratava de ser lúdico. Era preciso um esqueleto.
Este é erguido com aquilo que se vulgarizou designar por temas, o código genético da personalidade criadora, que reflecte a mensagem central de todo o corpo escrito.
De que é feito, o que quer dizer e como o quer dizer, durante quanto tempo.