Como já vimos antes, ao contrário do que nos querem fazer crer e do que gostamos de acreditar, precisamos de pouca coisa na vida.
O código genético que nos prende à condição de ser vivo necessita acima de tudo de sobreviver, por redundante que tal pareça.
Essa sobrevivência, antes de ser conceptual, psicológica ou qualquer outra, começa por ser física.
Para a sobrevivência física, os elementos mínimos passam por um refúgio que sirva de protecção (gruta-casa) contra o exterior (elementos climatéricos, inimigos), alimentação que assegure o normal funcionamento do corpo e contacto social.
Todo o período temporal que comporta a nossa existência é gasto na tentativa de assegurar estes compostos elementares.
Só depois surgem as preocupações, desejos ou sonhos metafísicos, questões de identidade, construções intelectuais sobre a sociedade.
A aparência de complexidade encontra raízes na paisagem mental da população precisamente porque quanto mais difícil se tornar a obtenção desses compostos elementares, quanto mais energia e tempo forem perdidos num conjunto de acções que visem tão-somente a garantia desses factores, menos espaço existe para a única coisa verdadeiramente importante: Criar.