Nasceu em Faro, em 1982.
Mudou-se para Lisboa, rumo à Faculdade de Letras, onde cursou Filosofia e História da Arte.
Entre 2002 e 2007, foi publicando alguns poemas no DN Jovem, sob o pseudónimo Ruy Narval. É aliás evidente a preocupação em deixar a verdadeira identidade na sombra, repetindo o uso de vários pseudónimos em diferentes contextos – poemas publicados nos números 02 e 03 da Revista Literária Sítio, sob os nomes Luís Lourenço e Ruy de Nerval, entre 2005 e 2006.
Ao longo de 2007, continua a experimentar e a evoluir, distribuindo colaborações por diferentes projectos (exposições, revistas literárias) e a receber os primeiros sinais de reconhecimento – Vencedor do Primeiro Prémio no Concurso Nacional Aveiro Jovem Criador e Concurso Literário Lisboa à Letra – sempre sob o pseudónimo Ruy Narval.
Repete a dose em 2008, voltando a vencer o Lisboa à Letra e sendo seleccionado para integrar a Mostra Nacional do Concurso Nacional Jovens Criadores – ainda para estar presente na colectânea Jovens Escritores.
Em 2009, lança-se na criação da sua própria revista literária (em colaboração com amigos), a que dá o nome de Cràse, e do primeiro livro de poesia, intitulado «assim também um corpo», editado pela Livro do Dia. Vê ainda poemas publicados na revista Sin-ismo, sob pseudónimo.
Adopta então como estratégia um ritmo de produção intenso, cujos resultados são depois distribuídos por diferentes concursos literários – e por vezes reunidos em livro. O resultado, em 2010, é a obra o som a casa que vence o Concurso Literário Artefacto, sendo depois publicada por essa editora. Volta a ser seleccionado para integrar a Mostra Nacional do Concurso Nacional Jovens Criadores 2010 e para estar presente na colectânea Jovens Escritores 2010, com o patrocínio da Secretaria de Estado da Juventude, Instituto Português da Juventude e Clube Português de Artes e Ideias, com a obra de poesia: «sob a sombra do jade», sempre com o pseudónimo Ruy Narval.
De notar esta dualidade, nem sempre clara: o autor opta por publicar os livros em nome próprio – Luís Felício – mas continua a refugiar-se no pseudónimo quando falamos de concursos literários.
Em 2011, conquista mais dois prémios, o Cidade de Almada – Poesia, que lhe vale a edição da obra «a sombra dos lugares», depois publicada em 2012 pela editora Arcádia (chancela do grupo Babel) e o Prémio Nacional de Poesia Cidade do Funchal – Prémio Edmundo Bettencourt, com a obra «cânone contínuo».
Já em 2014, dá-se a publicação da mesma, pela editora Glaciar.
Luís Felício partiu entretanto para o estrangeiro, tendo passado pela Polónia e por outras paisagens longínquas antes de se refugiar em França, nos últimos tempos. Aparenta obedecer aos cânones do escritor fora dos cânones. Sem nunca abandonar a poesia, ameaça incursões no texto narrativo, aventura que poderá dar frutos a seu tempo.
Editorial da Revista Cràse
Não se pode falar poeticamente de poesia – Refere Witold Grombwicz.
(…) um poema é a melhor crítica a um poema (…) *
Encontramos os Pólos em todo o lado, e isso é experimentação. Não dar por certo um valor, uma teoria – Ela não existe, ou se existir apenas pode ser mudança / Algo fusionado. É de fusão que falamos quando falamos de Literatura. De Partilha, de aprendizagem colectiva da humanidade, de evolução pelo erro e incorporação: Em todos os géneros possíveis. Poesia, Prosa, Teatro, Ensaio, escrita para cinema. A Literatura está ao serviço do homem e é um laboratório de experimentação, de fortíssimas cargas humanas, um mecanismo de memória partilhada que pode assumir todos os registos. A fusão de géneros é saudável, pode-se dizer que só ela é saudável. E a um tempo febril, exige-se uma literatura febril, que o acompanhe, que vá à sua frente. Que testemunhe a mudança rápida dos suportes, que provavelmente acabe com todos eles e se torne mera comunicação: Não em papel, ou ecrã – Mas algo mais sensorial no sentido da Comunicação Plena que abarca todos os pólos. “O poeta está fora da linguagem”, de qualquer forma, qualquer narrador o está. “A Realidade provem da ficção e nada pode ser feito contra um sonho”. Num período de Redes, a Crase só pretende divulgar e acrescentar a rede, abri-la a vários campos e Pólos. Assumindo-se claramente como campo de experimentação Literária.
Depois de um número de experimentação, a Crase, assume-se no número 1 com a mesma Vontade com que foi criada por um conjunto de amigos em 2009. O objectivo, dar a conhecer novos valores da Literatura Portuguesa. De uma forma humilde, divulgar alguns dos trabalhos de poesia e conto que é Urgente Divulgar. Pelo seu conjunto a Crase quer assumir o Pólo como ligação.
A Literatura só pode ser União.
Segundo a análise de António Carlos Cortez no Jornal de Letras, em 2011:
«Este livro divide-se em sete secções. A mais interessante delas – «a mão elíptica» – transporta muito do que esta poesia procura: e o que procura é o sentido da elipse. Entenda-se, para o poeta o mundo só elipticamente pode ser dito ou tido como sentido. Se, porventura, Eugénio de Andrade surge obliquamente no livro é porque se escreve de costas para toda uma noção elemental de poesia que em relação ao mundo poderia (como pôde) conferir-lhe um caminho ou um entendimento. As imagens de que se serve Felício são a prova – se o verso acompanha o pensamento de uma consciência poética já forte neste jovem poeta. Qualquer coisa de profundamente herbertinano há neste discurso, também ele feito de irrupções mágicas, também ele decorrente de um léxico alquímico (âmbar, arado, sombra, vertigem, verbo, raízes…). Inclusivamente, no modo como coloca os textos em sequência, Felício imita o gesto que lemos em ‘A Faca não corta o fogo’: há, a separar os poemas, apenas um símbolo e é como se uma voz, retumbante e meditativa, fosse questionando o seu próprio andamento».