H. P. Lovecraft

220px-H._P._Lovecraft,_June_1934Viveu entre 1890 e 1937. Em vida, foi um perfeito desconhecido, tendo apenas publicado em revistas de baixa categoria e morrido na pobreza, mas hoje em dia é considerado um dos mais importantes autores do séc. XX, no género do fantástico/terror. Nasceu em Providence, Rhode Island, local onde passou grande parte da vida. Entre as suas obras mais famosas estão «O Despertar de Cthulhu» e «The Shadow over Innsmouth», ambas canónicas. Contudo, nunca conseguiu sobreviver dos lucros amealhados como autor e editor. Tal desígnio foi-lhe sempre avesso, em grande parte por lhe faltar a confiança e a motivação para se auto-promover. Foi subsistindo em condições cada vez mais precárias e aquando da sua morte, com 46 anos, tinha esgotado completamente uma herança de que beneficiara.

 

Howard Phillip Lovecraft nasceu em Agosto de 1890, na casa de família situada em Providence, Rhode Island (demolida em 1961), filho único de Winfield Scott Lovecraft e Sarah Susan Phillips Lovecraft. O pai era negociante na área das jóias e metais preciosos. Em 1893, enlouqueceu com gravidade, tinha Lovecraft apenas três anos, tendo sido colocado numa instituição psiquiátrica até à morte, em 1898. Howard, contudo, manteve sempre a versão de que o pai morrera de uma paralisia provocada por um «esgotamento nervoso». Há versões que sugerem que a doença deste foi provocada por sífilis, mas nenhum outro membro da família parece ter revelado qualquer sintoma.

Depois disto, Howard foi criado pela mãe e restantes membros da família (tias, avô materno), já que todos habitavam a mesma casa. Lovecraft era um menino-prodígio, recitando poesia com apenas três anos e escrevendo os primeiros poemas completos com seis. O avô motivou-o para a leitura, emprestando-lhe obras como «As Mil e Uma Noites» ou versões infantis da «Ilíada» e da «Odisseia». Acabou também por despertar-lhe o interesse pelas histórias macabras, ao ler-lhe textos góticos da sua autoria.

Howard era uma criança doente, estando praticamente ausente da escola até aos oito anos e tendo apenas sido inscrito durante um ano antes de se recolher de novo em casa. Nessa fase, tornou-se um leitor voraz, com especial interesse em Química e Astronomia. Criou diversas publicações amadoras, que fez circular em grupos próximos, começando logo em 1899 com The Scientific Gazette. Quatro anos depois, regressa por fim à escola pública. Desde muito novo, parece ter sofrido de uma espécie de paralisia do sono, uma variante da insónia. O próprio descrevia a sua condição como «terríveis ataques nocturnos». Pensa-se que muito do seu trabalho numa fase posterior tenha sido inspirado nestes problemas – o tema surgiu num poema, no qual estas perturbações apareciam personificadas como criaturas demoníacas sem rosto.

A morte do avô, em 1904, teve um efeito tremendo na vida do autor. A inaptidão da restante família para gerir o património afundou todos numa crise financeira e obrigou-os a mudar para um local minúsculo. Comenta-se que este terá sofrido, em 1908 e pouco antes do final do secundário, o que foi descrito como um «esgotamento nervoso», situação que o impediu até de receber o diploma. Estudiosos sugerem que a principal causa desse esgotamento foi a dificuldade que o autor revelava com a Matemática – disciplina que tinha de dominar se quisesse tornar-se um astrónomo profissional.

Em adulto, Lovecraft transformou-se num indivíduo cadavérico, com sombras escuras a tornearem-lhe os olhos inseridos num rosto pálido (raramente ia à rua antes do anoitecer). Após o final dos estudos, viveu uma existência reclusa na companhia da mãe durante cinco anos, ocupando o tempo a escrever poesia em vez de procurar emprego ou novos amigos. Esta espécie de misantropia só diminuiu em 1913, quando decidiu escrever uma carta para uma revista popular, queixando-se da fraca qualidade de algumas das histórias. O debate que se seguiu a esse propósito na coluna dos leitores chamou a atenção do Presidente da Associação de Imprensa Amadora, que convidou Lovecraft a juntar-se à organização, em 1914.

Em Abril de 1917, Lovecraft tentou aderir à Guarda Nacional, mas falhou nos exames físicos.

A UAPA (Associação de Imprensa Amadora) acabou no entanto por se revelar um estímulo para o autor, motivando-o a enviar inúmeros poemas e ensaios. Publicou a primeira história («O Alquimista») em 1916, mas o primeiro trabalho pago surgiu apenas em 1922, quando já contava com 31 anos. Por esta altura, dedicara-se a formar uma enorme rede de contactos literários (publicações para as quais enviava correspondência). A profusão e tamanho das cartas enviadas fazem dele um dos grandes comunicadores do século. Muitos antigos aspirantes a escritores – depois estabelecidos – prestaram homenagem aos conselhos e encorajamentos presentes na correspondência de Lovecraft.

É comum dividir a sua obra em três períodos: um primeiro inspirado em Edgar Allan Poe, um segundo onde sobressai o «Ciclo do Sonho» e por fim o período «Cthulhu». Porém, é mais seguro dizer-se que os diferentes períodos estão interligados de diferentes formas.

Em 1919, após muitos anos em que padeceu de depressão e surtos de histeria, a mãe de Howard acabou por ser internada no mesmo hospital onde o marido falecera. Apesar disso, escrevia com frequência ao filho e os dois ficaram muito próximos até à morte desta em 1921, devido a complicações relacionadas com uma cirurgia à bexiga.

Poucos dias depois da morte da mãe, Lovecraft decidiu participar numa convenção para jornalistas amadores em Boston, Massachusetts, evento onde conheceu e simpatizou com uma viúva chamada Sonia Greene, sete anos mais velha e dona de uma reputada loja de chapéus. As tias do autor nunca aceitaram tal relacionamento, mas o par casou-se em 1924 e mudou-se para casa dela em Brooklyn, uma vez que Sonia considerava que ele precisava de sair da sua zona de conforto para evoluir, estando disposta por isso a sustentá-lo. Confessará mais tarde que o novo marido cumprira o seu papel, apesar de se ver obrigada a tomar sempre a iniciativa em todos os aspectos da união. A origem da natureza passiva de Lovecraft parece estar na educação castradora da mãe, mas a sua vida e saúde aparentam ter melhorado neste período, tendo até aumentado de peso para uns muito apreciáveis 90kgs.

Fica fascinado com Nova Iorque e forma um grupo de amigos literários e intelectuais – clube informalmente conhecido como Kalem Club – que o convence a enviar algumas histórias para revistas da especialidade. Uma em particular publica várias, ainda que as opiniões dos leitores se dividam quanto à sua qualidade.

No dia de Ano Novo de 1925, Sonia muda-se para Cleveland atrás de uma oportunidade de emprego e Howard troca de casa mais uma vez, agora para um pequeno apartamento numa zona pouco agradável. O clube de intelectuais cresce em número, mas será mais tarde comentado que o autor (sempre pudico em questões privadas) nunca se apercebeu que a maioria dos frequentadores era homossexual.

Algum tempo após o casamento, Sonia perdeu o negócio e os bens acabaram arrestados pelos bancos, o que a fez tombar na doença. Lovecraft esforçou-se o melhor que soube para sustentar a mulher através de trabalhos banais, mas a sua inexperiência neste tipo de vida fez com que o sucesso fosse diminuto. Depois de diversas tentativas falhadas como escriturário, as coisas começaram a agravar-se. O editor de uma das revistas ainda o convidou para as mesmas funções, de modo a reverter a quebra nas vendas, mas este recusou, sem vontade de ir viver para Chicago:

Que tragédia se revelaria uma mudança destas para uma velha carcaça como eu
– Terá declarado o escritor de apenas 34 anos.

Este editor acabou por se demitir, dando lugar a outro que mantinha uma relação desagradável com Lovecraft. A partir daqui, os textos do autor deixaram de ser aceites e ainda que a revista tenha tentado apresentar outros motivos para o facto, todos os argumentos caem por terra quando se descobre que muitas das histórias rejeitadas em vida são publicadas pela mesma revista após a morte de Howard.

Entretanto, a mulher via-se obrigada a viajar constantemente, presa às especificidades do novo emprego. Vive uns tempos em Cincinnati e depois em Cleveland. Para piorar a cada vez mais presente ameaça de falhanço, o pequeno apartamento de Lovecraft é assaltado, deixando-o apenas com a roupa do corpo.

Em Agosto de 1925, este acaba por escrever:

A minha vinda para Nova Iorque revelou-se um erro. Em busca de inspiração e deslumbramento, encontrei apenas terror e opressão, sentimentos que ameaçam dominar-me, paralisar-me e mesmo aniquilar-me.

É por esta altura que escreve os primeiros rascunhos de «O Despertar de Cthulhu», onde aborda o tema da insignificância da Humanidade.

Dependente da semanada enviada pela mulher, Lovecraft muda-se para outro minúsculo apartamento, sobrevivendo a custo. Em 1926, conclui que perdeu 18kgs e decide regressar a Providence.

Instala-se numa «espaçosa casa vitoriana, toda em madeira», até 1933. Este período (a última década da sua vida) será o mais prolífico. Escreve vários contos e dois livros mais elaborados, incluindo Nas Montanhas da Loucura. Dedica-se também a rever textos de outros autores e a trabalhar como «escritor fantasma».

Apesar de conseguir combinar um estilo original (descrições bizarras pela voz de narradores aterrorizados e impotentes) com passagens recheadas de acção, tão do agrado dos editores e leitores, Howard começou a encontrar cada vez mais dificuldades em ser pago. Embora aparentasse uma indiferença tranquila, o autor era extremamente sensível às críticas e caía com facilidade em períodos de isolamento. Tornou-se famoso por desistir de tentar vender uma história logo à primeira recusa. Outras vezes, produzia histórias declaradamente comerciais, mas optava por não vendê-las. Chegava mesmo a ignorar editores interessados no seu trabalho. Quando um deles lhe perguntou se tinha algum romance pronto, nem sequer se deu ao trabalho de responder, apesar de ter um na gaveta, ainda por dactilografar.

Poucos anos depois do regresso a Providence – tendo vivido separados tanto tempo – chegou amigavelmente a acordo com a mulher para que se divorciassem. Sonia mudou-se para a Califórnia em 1933 e casou-se novamente em 1936, sem saber que Lovecraft, apesar de lhe garantir o contrário, nunca chegara a assinar os papéis.

Apesar de uma vida inteira a vender histórias e a fazer trabalho literário pago para outros autores, os lucros nunca se revelaram suficientes para cobrir as despesas básicas. Teve uma existência dura, praticamente na dependência de uma herança que nos últimos anos se esgotou, obrigando-o a passar fome para conseguir enviar o correio. Por fim, teve de novo que se mudar para um local mais modesto, na companhia de uma tia ainda viva.

No início de 1937, foi-lhe diagnosticado um cancro no intestino, o que lhe agravou o estado de subnutrição. Viveu em grande sofrimento até à morte, que chegou em Março do mesmo ano.

A par de Edgar Allan Poe, Lovecraft é visto como um dos principais mestres do «fantástico/terror», tendo influenciado sucessivas gerações de escritores do género. Segundo Stephen King, por exemplo, este é «o melhor artífice do conto de terror clássico do séc. XX», confessando que o autor foi o responsável pela sua fascinação pelo horror/macabro, transformando-se na principal influência.

Alguns académicos negaram-se a retirar a Lovecraft o carimbo de «popular», no sentido pejorativo da palavra, argumentando que:

O único terror na maioria dos seus trabalhos é aquele que nos mostra a má qualidade e mau gosto dos mesmos.

Outros recomendavam a sua leitura, contrapondo que:

O género do terror/macabro faz, no fundo, parte da temática do mistério.

Estudiosos das correntes anti-realistas que circulavam em 1962 citaram Lovecraft como um dos pioneiros do «ataque à racionalidade», colocando-o ao mesmo nível de H.G. Wells, Aldous Huxley ou Tolkien enquanto construtores de realidades mitificadas. A partir daqui, Lovecraft começou a ser visto como autor de culto e a sua obra foi redescoberta.


Novela escrita entre Fevereiro e Março de 1931, embora só tenha sido publicada em 1936.

O enredo aborda uma desastrosa expedição efectuada ao continente da Antárctida em Setembro de 1930, pelo grupo de exploradores liderados pelo narrador, o Dr. William Dyer. Este relata em detalhe uma série de segredos bem guardados, de modo a convencer outro grupo de expedicionários a não seguir viagem.

A narrativa é feita na primeira pessoa, pela voz do geólogo William Dyer, também professor na faculdade. O seu objectivo é impedir a realização de outra expedição científica, rodeada de fanfarra e publicidade, ao mesmo local. No relato, Dyer descreve o modo como liderou o seu grupo, num percurso que culminou com a descoberta de um conjunto de ruínas e de um perigoso segredo, ambos ocultados por uma cordilheira ainda mais imponente que os Himalaias.

Descreve o modo como um grupo de batedores, liderados pelo Professor Lake, se deparou com os vestígios de catorze formas de vida pré-histórica diferentes, todas desconhecidas da Ciência e impossíveis de identificar como animais ou plantas. Seis delas estavam muito danificadas e as restantes oito permaneceram num estado imaculado. Estudos geológicos datam a sua existência num tempo em que as condições para o desenvolvimento da vida complexa ainda não estavam asseguradas, mas alguns dos exemplares demonstram a capacidade para usar utensílios de caça.

A certa altura, o grupo principal perde o contacto com estes batedores, forçando Dye e os colegas a investigar. Descobrem que o acampamento de Lake foi arrasado e que todos os homens e animais foram chacinados, com a excepção de um tal de Gedney e respectivo cão, que desapareceram. Junto ao local, encontram seis montes de neve em forma de estrela a cobrir seis das espécies. Torna-se ainda claro que as restantes formas de vida foram roubadas, não sem antes ter sido executada uma espécie de autópsia num homem e num cão. As suspeitas recaem no expedicionário desaparecido, considerando-se que este enlouqueceu e cometeu todos aqueles actos hediondos.

Dyer e um universitário de nome Danforth deslocam-se num pequeno avião por cima das montanhas, que acabam por classificar como muralhas naturais de uma enorme cidade de pedra, abandonada, cuja arquitectura não se assemelha a nada feito pelo Homem. Contudo, as semelhanças que os antigos habitantes partilham com seres mitológicos fazem com que os mesmos sejam apelidados de «Seres Antigos». Ao explorarem o cenário, o par de estudiosos interpreta em escritos hieroglíficos que os denominados «Seres Antigos» chegaram à Terra pouco depois do surgimento da Lua, tendo construído tais cidades com a ajuda de «shoggoths» – entidades biológicas com a capacidade de executar qualquer tarefa, assumir todas as formas e elaborar todo o tipo de pensamentos. Fica a suspeita de que a vida na Terra evoluiu a partir de compostos celulares remanescentes destas criaturas.

À medida que a investigação avança, o par apercebe-se do conflito surgido entre os «Seres Antigos» e outras formas de vida conhecidas como «Cthulhu» e «Mi-go», que aterraram pouco depois dos primeiros. É visível igualmente a sustentada degradação de tal civilização após a independência dos «shoggoths». Com a progressiva canalização dos recursos para a manutenção da ordem, a existência cai num estado cada vez mais primitivo e aleatório. Os registos aludem ainda a uma ameaça anónima que se esconde noutra cordilheira longínqua, local nunca explorado pelos «Seres Antigos» devido a diversos factores. Em breve, tudo isto faz com que a Antárctida se torne inabitável, até mesmo para aquelas formas de vida evoluídas, provocando a sua partida para os confins de um mundo subterrâneo.

Dyer e Danforth acabam por resolver o enigma, concluindo que as formas de vida que desapareceram do acampamento são «Seres Antigos» que ressuscitaram, mataram os exploradores e regressaram ao seu mundo. Identificam ainda os cadáveres de Gedney e do cão desaparecido. Seguindo as indicações dos registos, desembocam num túnel que leva ao referido mundo subterrâneo. Aí chegados, apercebem-se da presença de vários cadáveres de «Seres Antigos» e incontáveis pinguins cegos, que vagueiam sem destino, deduzindo-se que são usados como gado. De súbito, são confrontados por uma presença negra e borbulhante, que presumem ser a de um «shoggoth», situação que precipita a fuga dos dois homens.

Já no avião, a grande altitude, Danforth olha para trás e o que vê fá-lo enlouquecer, presumindo-se que está na presença da tal ameaça anónima. Dyer chega à conclusão que os «Seres Antigos» chacinaram os humanos em auto-defesa, ou no máximo devido a uma espécie de curiosidade científica e que a sua civilização foi destruída pelos «shoggoths», que agora se alimentam de pinguins. Avisa os membros da futura expedição para desistirem dos seus intentos.

 

Personagens

 

William Dyer – O narrador da história, professor de Geologia na Universidade e líder da desastrosa expedição à Antárctida em 1930/31.

Danforth – Estudante na mesma Universidade. Acompanha Dyer num voo exploratório através da cordilheira misteriosa, enlouquecendo no final da viagem. É descrito como «ávido leitor de literatura macabra» e cita constantemente Edgar Allan Poe.

Frank H. Pabodie – Membro do Departamento de Engenharia da Universidade, inventa uma broca «única, inovadora na sua leveza, portabilidade e capacidade…ideal para lidar com as diferentes geologias do terreno». É também o autor de «dispositivos de combustão e manutenção do combustível» usados nos quatro aviões da expedição.

Professor Lake: Professor de Biologia na Universidade. É o primeiro a descobrir as ditas «Montanhas da Loucura» à conta de uma «inusitada e irredutível insistência num percurso exploratório para noroeste» depois da descoberta dos fósseis desconhecidos. É também ele quem classifica os vestígios extraterrestres como «Seres Antigos», devido às parecenças que estes revelam com «certos monstros mitológicos». Escreve nos seus relatórios que tais descobertas na Antárctida confirmam as suspeitas de que o planeta Terra «recebeu diversas formas de vida alienígena antes do surgimento da primeira célula», prevendo que «a importância disto para a Biologia está como Einstein para a Matemática e a Física». Contudo, quando oito exemplares de «Seres Antigos» revelam afinal estar vivos em vez de fossilizados, a consequência passa pela chacina de Lake e dos restantes membros do grupo de batedores. Até final, os sobreviventes passam a referir-se a ele como «o infeliz Lake».

Professor Atwood: Membro do Departamento de Física da Universidade e meteorologista. Integrante do grupo de exploradores que acompanha Lake.

 

 

O autor manifestou grande interesse pela Antárctida desde muito novo, segundo os biógrafos:

Lovecraft era fascinado pelo continente gelado desde os 12 anos, tendo escrito diversos textos sobre o tema. Nos anos 20, a região era uma das poucas que ainda não tinha sido explorada na totalidade pelo Homem, contendo largas faixas de território absolutamente desconhecidas. Os mapas da altura contêm diversas zonas em branco, pelo que o autor podia dar largas à imaginação sem correr o risco de ser desmentido.

Uma das primeiras expedições exploratórias ocorreu em 1928-1930, pouco antes da obra surgir. Howard inspirou-se vagamente naqueles eventos, sobretudo nos relatos que confirmavam a descoberta de «diversos fósseis que sugerem um passado tropical».

É também de notar a conhecida hipersensibilidade deste ao frio, confirmada por episódios como este:

colapsou na rua e foi transportado, inconsciente, para uma loja próxima, após uma queda abrupta na temperatura – de 15º para 1º de um dia para o outro. (…) O sofrimento e desagrado perante o frio eram tais, que acabou por transportar esse sentimento para os escritos. As descrições (no livro) demonstram as terríveis sensações provocadas por temperaturas negativas, com uma clareza e detalhe talvez superiores ao escrito por Poe.

A obra acabou por tornar popular a teoria sobre «astronautas milenares» e fazer da Antárctida um local «mitológico».

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