Prefácio
Quando há uns anos decidi observar esta proposta de Derek Cianfrance, estava convencido que iria, na melhor das hipóteses, consumir uma reconversão ligeira do típico filme «conjugal», em voga num certo cinema do século XX. A promoção limitava-se a exibir um diálogo de rua e as técnicas de sedução costumeiras – sorrisos, um rapaz a tocar guitarra e a tentar impressionar uma miúda impressionável.
Assim que dei de caras com os primeiros planos, recheados de um silêncio ventoso, com o ângulo da câmara a observar o final de uma estrada perdida e o chamamento de uma criança a ecoar pela planície deserta, percebi que afinal ainda havia espaço para qualquer coisa. Não me enganei.
Os actores dão corpo a um verdadeiro filme independente, sobre a ascensão (mutilada) e queda (inevitável) de um amor (se é que podemos assim baptizar o que os uniu).
Aqueles que querem flutuar em algodão doce, fujam.
Os que querem conhecer o que se esconde atrás das nuvens rosa, fiquem.