A abertura na agenda permitiu mais um passeio exploratório na área de Dun Laoghaire.

Desta vez, segui na chamada Linha do Luas, um metro de superfície que serve determinadas zonas de Dublin e arredores. Nesta altura do ano, existe pouca complacência meteorológica, tendo todo o percurso sido acompanhado por um vento gelado, indiferente a casacos e cachecóis.

A primeira paragem centrou-se na Ponte dos Nove Arcos, que permite a travessia sobre o Rio Dodder, junto ao subúrbio de Miltown. Foi erguida em 1859, para servir a linha ferroviária, tendo esta sido encerrada um século depois e votada ao abandono, até renascer em 2004.

Duas estações depois, chego a Dundrum, em tempos cidade por direito próprio, hoje aglutinada pela área suburbana de Dublin. William Dargan, pai da estação ferroviária original, tem presentemente o nome associado à moderna ponte que a serve. À boa maneira irlandesa, na altura em que se inaugurou a placa com o seu nome, embutida num dos pilares principais da ponte, constatou-se que o nome fora mal escrito e que a data da morte do homenageado estava errada. As falhas só foram corrigidas seis anos depois.

Um dos aspectos mais entusiasmantes destas explorações é saber que, a qualquer momento, as imagens apenas conhecidas dos guias e livros turísticos irão surgir diante do olhar, na grande maioria das vezes completamente inalteradas pela passagem do tempo. Posso estar a observar uma fotografia datada de 1900 e levantar a cabeça para observar, ao vivo e a cores, exactamente o mesmo local ou paisagem, onde só o crescimento das árvores corrompe, por vezes, o imaculado da imagem.

É o que acontece com a biblioteca e o cemitério. Plácidos, serenos, imutáveis. O posto de correios, por sua vez, foi certamente transferido para outro edifício, sobrevivendo apenas a rua que o alberga.

Continuo a minha caminhada mental por este país, dono de uma atmosfera inigualável.