Viveu entre 1871 e 1922. Romancista, crítico e ensaísta, autor de um romance monumental intitulado Em Busca do Tempo Perdido, editado entre 1913 e 1927, num total de sete volumes. Considerado por escritores e críticos um dos autores mais importantes do século XX.
Proust nasceu a 10 de Julho de 1871, pouco depois do final da Guerra Franco-Prussiana e pouco antes do advento da Terceira República, na elegante zona sudoeste de Paris (Auteuil), onde estava situada a casa de um tio-avô, numa época de transição marcada pela violência e pelas revoluções. Grande parte do seu famoso romance tem como cenário este período histórico, com destaque para a queda da aristocracia e ascensão da classe média.
O pai, Adrien Proust, era um conceituado epidemiologista, dedicado à investigação da cólera nos continentes europeu e asiático, tendo escrito inúmeros livros e artigos sobre medicina e higiene. A mãe, Jeanne Clémence, provinha de uma abastada família judia, da região da Alsácia. Com educação académica superior e amante da leitura, exibia um refinado sentido de humor nas cartas que escrevia e os conhecimentos em língua inglesa eram suficientes para ajudar o filho nas suas traduções eruditas. Proust foi educado na fé católica do pai, tendo sido baptizado e oficialmente considerado católico, mas nunca foi praticante. Com os anos, tornou-se ateu e vagamente interessado no misticismo.
Com nove anos, sofreu o primeiro ataque de asma sério, tendo a partir daí sido considerado uma criança enferma. Passava então longas férias na aldeia de Illiers. Terá, mais tarde, criado a vila ficcional de Combray a partir das memórias que guardara desta aldeia e da mencionada casa do tio-avô, em Auteuil, palco dos episódios mais importantes d’ Em Busca do Tempo Perdido. (Illiers foi rebaptizada Illiers-Combray em 1971, por ocasião do centenário do nascimento do autor).
Em 1882, com onze anos, foi inscrito no Liceu Condorcet, mas o percurso académico acabou prejudicado pela sua condição de saúde. Apesar de tudo, revelou-se brilhante em Literatura, tendo recebido um prémio no ano de finalista.
Com o auxílio dos colegas, ganhou acesso aos salões burgueses, contexto que lhe forneceu abundante matéria-prima para o futuro romance.
Apesar da fragilidade, cumpriu um ano de serviço militar (1889-90), experiência que influenciou um dos episódios que formam «O Lado de Guermantes», terceira parte do romance. Enquanto jovem, Proust era um diletante e um trepador social, manietando as suas aspirações literárias à conta da indisciplina. A reputação criada nesta fase, que o definia como arrogante e amador, valeram-lhe mais tarde dificuldades em publicar «Do Lado de Swann», a primeira parte do romance, que acabou por sair no ano de 1913. Ao frequentar os salões eruditos da época, obteve não só inspiração para vários episódios e personagens, como encontrou alguns dos futuros amigos literários, incluindo Anatole France.
Tinha ligação mais próxima com a mãe. Para acalmar o pai, que preferia vê-lo optar por uma carreira segura, candidatou-se a uma vaga na Biblioteca Mazarine, no Verão de 1896. Contudo e após esforço considerável, obteve uma baixa médica com a duração de vários anos, até que por fim esta foi equiparada a uma demissão. Nunca chegou a exercer o cargo nem saiu do apartamento dos pais até à morte de ambos.
Ocorreram, apesar disso, profundas mudanças no seio familiar entre os anos de 1900 e 1905. Em Fevereiro de 1903, o irmão, Robert Proust, casou-se e abandonou o lar. O pai morreu em Novembro desse ano. Por fim, o evento mais traumático: a morte da mãe, em Setembro de 1905. Desta, recebeu herança considerável, mas a saúde continuou a degradar-se.
Proust gastou os últimos três anos de vida a completar o famoso romance, praticamente fechado no quarto, repousando ao longo do dia e trabalhando durante a noite.
Faleceu à conta de uma pneumonia associada a uma infecção pulmonar, em 1922. Foi enterrado no Cemitério de Père Lachaise, em Paris.
Marcel envolveu-se desde cedo na escrita e publicação. Para além das revistas literárias onde participou ainda como estudante («La Revue verte» e «La Revue lilas»), nos anos de 1890 e 1891, escrevia também uma coluna no jornal «Le Mensuel». Em 1892, integrou o grupo fundador da revista literária «Le Banquet», tendo nela publicado pequenos artigos nos anos seguintes, bem como na prestigiada «La Revue Blanche».
Em 1896, surgiu «Os Prazeres e os Dias», colectânea de novelas e poemas em prosa já antes publicados nas várias revistas. O livro incluiu um prefácio de Anatole France e ilustrações de Madeleine Lemaire, cujos salões o autor frequentava com regularidade e que serviu de inspiração para uma das suas personagens. A edição foi de tal modo sumptuosa que acabou por custar o dobro do considerado normal para a época.
Nesse ano, começa ainda a trabalhar num romance, que seria publicado apenas em 1952 e titulado «Jean Santeuil» pelos editores póstumos. Muitos dos temas que mais tarde se encontram na obra Em Busca do Tempo Perdido começam aqui a ser articulados, incluindo o enigma da memória e a necessidade de reflexão – várias partes do famoso romance foram ensaiadas em «Jean Santeuil». O retrato dos pais é aqui bastante duro, em total contraste com a imagem de veneração apresentada na posterior obra-prima. No seguimento do fraco interesse despertado por «Os Prazeres e os Dias» e dos vários problemas criativos associados ao enredo, o autor foi gradualmente perdendo o interesse a partir de 1897, tendo abandonado por completo o texto em 1899.
Proust dedicou vários anos (desde 1895) à leitura das obras de Thomas Carlyle, Ralph Waldo Emerson, e John Ruskin. Através delas, aprimorou as suas teorias acerca da arte e do papel do artista na sociedade. Defende que a responsabilidade do mesmo é confrontar-se com a natureza, deduzir-lhe a essência e relatá-la ou explicá-la na obra de arte. As opiniões de Ruskin formavam a base desta ideia e os trabalhos deste autor eram tão importantes para Marcel que este alegava saber «de cor» alguns dos livros.
Dedicou-se então à tarefa de traduzir um par de obras de Ruskin para Francês, mas viu-se bloqueado pelo fraco conhecimento que possuía da língua inglesa. Para solucionar isso, requisitou ajuda: os primeiros rascunhos eram feitos pela mãe e depois revistos por ele e pela prima inglesa de Reynaldo Hahn, um amigo e ocasional amante. Proust tratava depois da versão final.
Questionado acerca do inusitado método de trabalho por um editor, respondeu: «Não alego ter conhecimentos de Inglês, alego ter conhecimentos sobre Ruskin». «The Bible of Amiens», com uma longa introdução do autor, foi publicada em Francês, em 1904. O texto inicial de Proust e a tradução em si foram bem recebidas. O primeiro foi considerado por alguns «uma contribuição importante para o entendimento das ideias de Ruskin». Nesta altura, Marcel estava já embrenhado na tradução de outra obra do mesmo autor, «Sesame and Lilies», trabalho que completou em meados de 1905 – pouco antes da morte da mãe – e editado em 1906. Julga-se que para além de Ruskin, Proust foi bastante influenciado por Saint-Simon, Montaigne, Stendhal, Flaubert, George Eliot, Fiodor Dostoievski e Leo Tolstoi.
O ano de 1908 foi essencial para o desenvolvimento de Proust enquanto escritor. Nos primeiros seis meses, decidiu publicar pastiches de vários autores em diferentes sítios, exercícios que lhe permitiram solidificar o seu próprio estilo. Para além disso, a partir do Verão, começou a trabalhar em múltiplos ensaios que mais tarde compilaria num único bloco intitulado «Contra Sainte-Beuve». Explica deste modo os projectos, numa carta para um amigo:
Tenho em curso um estudo acerca da nobreza, um romance, um ensaio acerca de Sainte-Beuve e Flaubert, outro sobre mulheres, ainda mais um sobre pederastas (difícil de publicar), um estudo sobre vitrais, outro sobre túmulos e mais outro sobre o género do romance.
No entanto, a partir desta fragmentação, o autor começou a dar forma a um romance, ao qual se dedicou de forma contínua. O conceito versava sobre os pensamentos de um narrador na primeira pessoa, incapaz de dormir, que durante a noite recorda os tempos em que sonhava com a chegada da mãe, na manhã seguinte. Pretendia que o romance terminasse com uma análise crítica a Sainte-Beuve, onde se refutava a sua ideia de que a biografia é a ferramenta mais importante para a compreensão de um artista. Nos blocos de notas acerca da obra inacabada estão já muitos elementos que depois farão parte de Em Busca…
No entanto, dificuldades em garantir um editor e uma alteração de objectivos literários forçaram o autor a reformular todo o projecto, ainda que este mantivesse grande parte dos temas e características. Em 1909, inicia por fim Em Busca do Tempo Perdido.
Proust contava então 38 anos. O romance totaliza sete volumes e 3200 páginas na versão original, juntando inacreditáveis 2000 personagens. Graham Greene considerou que este era «o maior romancista do século XX» e W. Somerset Maugham declarou a obra «o melhor trabalho de ficção até à data». Outros não partilharam o mesmo entusiasmo, contribuindo para que o primeiro volume fosse recusado pela editora Gallimard, ainda que mais tarde alguns tenham escrito a Proust, desculpando-se e considerando que haviam cometido um dos maiores erros de julgamento de sempre. Este optou enfim por financiar uma edição com a chancela da Grasset, tendo ainda pago a vários críticos para que escrevessem artigos favoráveis.
Proust acabou por morrer antes de completar a revisão aos rascunhos dos últimos volumes, tendo os derradeiros três sido editados postumamente com o auxílio do irmão Robert.
O autor era conhecido pela sua homossexualidade, tema debatido com frequência entre os seus biógrafos. Se por um lado a governanta, Céleste Albaret, optou por negar tal hipótese, por outro essa possibilidade é confirmada por muitos dos amigos e conhecidos de Marcel, incluindo outros escritores.
Este nunca admitiu as suas preferências abertamente, apesar de muitos familiares e amigos saberem ou suspeitarem da verdade. Em 1897, chegou mesmo ao ponto de se bater num duelo com outro escritor, de nome Jean Lorrain, que o desafiara publicamente acerca do tema com insinuações sobre Lucien Daudet – amigo e potencial amante de Proust. Apesar dos desmentidos públicos, são também conhecidos os interesses que manteve por Reynaldo Hahn e por outros. Em 1918, é um dos homens identificados pela Polícia, num bordel masculino. Um dos amigos, o poeta Paul Morand, provocou-o abertamente, referindo-se a Proust no seu diário enquanto «eterno caçador, nunca satisfeito com as conquistas. Sedutor e aventureiro sexual incansável».
Até que ponto o assunto influenciou a sua escrita, é matéria para debate, ainda que Em Busca do Tempo Perdido contenha extensas reflexões sobre homossexualidade bem como diversos personagens de relevo, tanto homens como mulheres, que demonstram ser homossexuais ou bissexuais. O tema está igualmente presente em «Os Prazeres e os Dias» e no romance inacabado «Jean Santeuil».
A nível politico, Proust herdou grande parte das ideias maternas, que passavam pelo apoio à Terceira República e por conceitos de centro-esquerda.
Num artigo datado de 1892, publicado no «Le Banquet» e titulado «L’Irréligion d’État», o autor condena medidas anticlericais extremas, como a expulsão de monges, argumentando que «não deixa de ser espantoso que a negação da religião traga consigo o mesmo fanatismo, intolerância e perseguição normalmente associados à Igreja», afirmando mesmo que o Socialismo era, segundo ele, maior ameaça para a sociedade. Por outro lado, não poupava críticas à Direita, censurando o que considerava ser «a loucura dos conservadores», apelidados de «ignorantes e ingratos». O Papa Pio X, por sua vez, era visto como «obstinado e tolo». Proust condenou sempre as opiniões preconceituosas e conservadoras da maioria dos padres do seu tempo, embora defendesse que os clérigos mais inteligentes podiam revelar-se tão progressistas como qualquer outro, existindo para estes um papel importante no avançar da causa «liberal republicana».
O autor está ainda entre os defensores mais entusiastas de Dreyfus – conhecidos como «Dreyfusards» – estando presente no julgamento de Émile Zola e alegando com orgulho ter sido ele a convencer Anatole France a assinar a petição que defendia a inocência de Dreyfus. Em 1919, quando representantes da organização de direita «Action Française» publicaram um manifesto a defender o colonialismo francês e a Igreja Católica enquanto símbolos da civilização ocidental, Proust rejeitou tais conceitos nacionalistas e chauvinistas, a favor de uma visão liberal e pluralista que apenas reconhecesse o legado cultural do Cristianismo em França, tendo em geral construído uma reputação de escritor «aparte da sua geração, ao evitar as armadilhas do nacionalismo e do sectarismo classista».
Romance composto por sete volumes. Obra-prima da primeira metade do século XX, famosa pela sua extensão e pelo tema predominante: a memória involuntária. Destaca-se o «episódio da madalena» como exemplo primordial, que ocorre logo no início do primeiro volume.
O leitor acompanha as memórias de infância e evolução para o estado adulto do narrador, na transição do século XIX para o século XX, nos meandros da aristocracia francesa, bem como as reflexões deste acerca da natureza fugidia do Tempo e da ausência de sentido no mundo.
Este narrador, do qual nunca se conhece de facto o nome, interessa-se por Arte, pela Sociedade e pelo Amor.
Volume Um: Do Lado de Swann
O Narrador começa por salientar: «Durante muito tempo, deitei-me cedo». Reflecte no facto de, aparentemente, o processo do sono alterar a percepção do que nos rodeia, ainda que o hábito nos torne indiferentes ao espaço. Recorda a vez em que, estando já no quarto que lhe era destinado na casa de campo da família, em Combray, os pais faziam serão no andar de baixo na companhia de um amigo, de seu nome Charles Swann, um indivíduo elegante de origem judia, com muitos contactos na sociedade. À conta da presença deste, o Narrador vê-se privado do habitual beijo de boa-noite materno, embora esta depois passe algum tempo a ler-lhe uma história. É a única memória que guarda dos tempos em Combray, pelo menos até ao dia (anos depois) em que o sabor de uma madalena mergulhada no chá lhe provoca um episódio nostálgico, associado à memória involuntária. Recorda ter apreciado um lanche semelhante nos tempos de criança, na companhia de uma tia inválida chamada Léonie, contexto esse que despoleta outras memórias acerca de Combray. Por exemplo, a criada Françoise, sem instrução académica mas dona de uma sabedoria prática, a que associa um forte sentido de responsabilidade e tradição. Encontra também uma elegante «senhora de cor-de-rosa», numa das visitas que faz ao tio Adolphe. Ganha amor ao Teatro e superior atracção por uma actriz chamada Berma, enquanto Bloch, o estranho amigo judeu, lhe fala da obra do escritor Bergotte. Descobre que Swann fez um casamento inadequado embora alimente ambições sociais para a filha, a bela Gilberte. Legrandin, um arrogante amigo da família, evita apresentá-lo à irmã abastada. O Narrador descreve os dois caminhos utilizados com frequência e agrado para passeios, por vezes na companhia dos pais: o que passa junto da casa de Swann (o lado de Méséglise) e o lado de Guermantes, ambos recheados de beleza natural. Ao escolher certa vez o lado de Méséglise, este repara em Gilberte Swann, acompanhada de uma mulher vestida de branco, a Sra. Swann, e o seu pretenso amante: Barão de Charlus, um amigo dos Swann. Gilberte faz um gesto que o Narrador interpreta como sendo uma rude desaprovação da sua presença. Noutra ocasião, vislumbra um acto lésbico entre a menina Vinteuil, filha de um compositor, e uma amiga. O lado de Guermantes, por sua vez, está associado à família Guermantes, parte da nobreza local. O Narrador fica impressionado pelo exotismo daquele apelido e ainda mais cativado quando observa pela primeira vez a menina Guermantes. Compreende até que ponto as aparências escondem a verdadeira natureza das coisas, enquanto descreve alguns campanários das redondezas. Deitado na cama, parece regressar a todos estes lugares, antes de acordar.
A Sra. Verdurin é uma anfitriã autocrática que, auxiliada pelo marido, exige obediência total dos membros convidados a pertencer ao seu «pequeno clã». Um deles é Odette de Crécy, antiga cortesã, que conheceu Swann e o convida a integrar o grupo. Este é demasiado refinado para tais companhias, embora se deixe progressivamente intrigar por Odette e pelo seu estilo peculiar. Uma sonata de Vinteuil, que inclui uma «pequena frase», transforma-se no pretexto para o estreitar da relação. Os Verdurin recebem o senhor Forcheville. Entre os convidados estão Cottard, um médico, Brichot, um académico, Saniette, objecto de troça e o Sr. Biche, um pintor. Swann começa a desenvolver ciúmes de Odette, que se distanciou dele, fazendo-o suspeitar da existência de um caso entre ela e Forcheville, patrocinado pelos Verdurin. Swann procura desanuviar, assistindo a um concerto onde também marcam presença a irmã de Legrandin e uma jovem senhora Guermantes. A conhecida «pequena frase» faz-se ouvir, levando Swann a concluir que o amor de Odette por ele desapareceu. Cai num certo masoquismo, ao ponderar na natureza dos relacionamentos desta com outros, mas o amor por ela, apesar de algumas flutuações, diminui gradualmente. Ultrapassa por fim o caso, acabando por espantar-se com o facto de ter sido capaz de amar uma mulher daquele género.
Na sua casa de Paris, o Narrador sonha com uma viagem a Veneza ou à igreja da estância balnear de Balbec, mas sente-se bastante indisposto e opta por dar alguns passeios nos Campos Elísios, onde encontra Gilberte, com quem faz amizade. Tem o pai desta, por ora casado com Odette, em grande estima, deixando-se também impressionar pela apresentação pública da Sra. Swann.
Anos mais tarde, as velhas paisagens da zona desapareceram, fazendo-o lamentar a natureza fugidia dos lugares.
Volume Dois: À Sombra das Raparigas em Flor
Os pais do Narrador convidam o Sr. Norpois, um colega diplomata do pai, para jantar. Com a ajuda deste, o Narrador é finalmente autorizado a ir assistir a uma actuação de Berma, mas acaba por se desiludir com o seu talento. Mais tarde, ao jantar, observa a postura de Norpois, sempre muito correcto e diplomático, enquanto este opina acerca da sociedade e da arte. Aproveita para lhe mostrar alguns rascunhos da sua escrita, mas o outro explica-lhe delicadamente que o trabalho não é bom. O Narrador continua a passear com regularidade nos Campos Elísios, onde aproveita para brincar com Gilberte. Os pais desta não morrem de amores por ele, motivando-o a escrever uma carta, em protesto. Certo dia, envolve-se numa luta amigável com ela, durante a qual acaba por ter um orgasmo. Gilberte convida-o para tomar chá e este depressa se torna presença habitual na casa dela. Em tais visitas, nota o estatuto social inferior da Sra. Swann, a decadência comportamental, raiando a indiferença, do Sr. Swann para com a mulher e o afecto de Gilberte pelo pai.
O Narrador reflecte no facto de ter cumprido o seu objectivo de conhecer os Swann, apreciando a experiência.
Numa das festas organizadas por eles, conhece e faz amizade com Bergotte, que partilha opiniões sobre várias figuras da sociedade e do mundo das artes. O Narrador, entretanto, sente-se incapaz de uma completa dedicação à escrita. Bloch leva-o a um bordel, onde se encontra uma prostituta judia chamada Rachel. Entretanto, inunda a Sra. Swann com flores, formando com esta uma amizade quase superior à que mantém com Gilberte. Um dia, discute com a última e decide não voltar a vê-la. Continua, apesar disso, a visitar a Sra. Swann, que se transformou com o tempo numa anfitriã popular. Entre os convidados, está a Sra. Bontemps, que tem uma sobrinha chamada Albertine. Aguarda pela chegada de uma carta de Gilberte, que recomponha a amizade entre ambos, mas vai gradualmente perdendo o interesse. Por fim, dá o braço a torcer e tenta reconciliar-se com ela, mas pouco antes disso julga ver uma rapariga muito semelhante a passear com um rapaz e encerra de vez o assunto. No seguimento, deixa também de frequentar a casa da mãe dela, agora transformada numa beldade admirada por todos.
Anos mais tarde, ainda recorda a sensualidade por ela exibida, nessa época.
Dois anos passados, o Narrador, a sua avó e Françoise partem rumo à estância balnear de Balbec. Este pouco ou nada pensa em Gilberte, por esta altura. Durante a viagem de comboio, a avó, que apenas tolera literatura séria, empresta-lhe o seu livro favorito: «As Cartas da Senhora Sévigné». Em Balbec, desilude-se com a igreja local e desgosta do quarto de hotel, valendo-lhe o conforto da avó. Admira a paisagem marítima e entretém-se com a originalidade dos clientes e funcionários do hotel: Aimé, o discreto criado principal, o funcionário do elevador, o Sr. Stermaria com a sua bela e jovem filha ou o Sr. Cambremer e a mulher, irmã de Legrandin. A avó encontra uma velha amiga aristocrata, a Sra. Villeparisis. Retomam laços e partem os três para grandes passeios no campo, onde debatem abertamente sobre arte e política. O Narrador fantasia com as raparigas de província que encontra nos caminhos e experimenta bizarra sensação – talvez memória talvez outra coisa – enquanto admira um conjunto de três árvores. À Sra. Villeparisis junta-se o charmoso sobrinho-neto, Robert de Saint-Loup, que está envolvido com uma mulher de má reputação. Apesar do constrangimento inicial, o Narrador e a avó estabelecem agradável amizade com ele.
Bloch, o amigo de infância de Combray, aparece por sua vez, com a família, exibindo o esperado comportamento sem maneiras. Entra depois em cena o Barão de Charlus, o aristocrático e extremamente arrogante tio de Saint-Loup. O Narrador cedo descobre que a Sra. Villeparisis, o sobrinho Charlus e o sobrinho deste, Saint-Loup, pertencem todos à mesma família: os Guermantes. Charlus ignora-o quase por completo, ainda que mais tarde lhe faça uma visita, no quarto, emprestando-lhe um livro. Contudo, no dia seguinte, o mesmo aborda-o com modos vulgares e exige o livro de volta. O Narrador reflecte na postura de Saint-Loup à luz das raízes aristocráticas, bem como na relação deste com a amante, uma actriz vulgar cujo recital desagradou profundamente à família dele. Certo dia, nota um «pequeno bando» de raparigas adolescentes a passear junto ao mar e fica encantado, revelando também interesse por uma fugidia cliente do hotel, a menina Simonet. Vai jantar com Saint-Loup e interroga-se o quanto pode a percepção ser afectada pelo álcool. Encontram de seguida o pintor Elstir e visitam o estúdio dele. O Narrador fica impressionado com a técnica de Elstir, baseada numa renovação perceptiva de conceitos vulgares e mais ainda com a ligação aos Verdurin (trata-se do personagem antes conhecido como «Biche») e à Sra. Swann. Conclui que o pintor conhece o grupo de adolescentes, em especial a bela morena que dá pelo nome de Albertine Simonet. Elstir tem a cortesia de apresentá-lo e o Narrador faz amizade com ela, sem esquecer as amigas Andrée, Rosemonde e Gisèle. Juntos, ocupam o tempo em piqueniques, grandes passeios pelo campo e diversos jogos, inspirando reflexões do Narrador acerca da natureza do amor, em paralelo com uma borbulhante atracção por Albertine. Apesar de não ser correspondido, os dois ficam próximos, sem que ele renegue um interesse geral por todas elas. No final do Verão, a aldeia desertifica-se, deixando-o entregue à primeira visão onírica das raparigas à beira-mar.
Volume Três: O Lado de Guermantes
A família do Narrador muda-se para um apartamento muito próximo da residência dos Guermantes. Françoise faz amizade com um vizinho, um alfaiate de nome Jupien, que tem uma sobrinha. O Narrador não esconde o fascínio pelos Guermantes e pelo estilo de vida que apresentam, notando com espanto as suas ligações sociais durante outra actuação de Berma. Começa a vigiar a rua onde a Sra. Guermantes faz os passeios diários, para grande incómodo desta. Opta mais tarde por visitar o sobrinho, Saint-Loup, na base militar onde este se encontra, na esperança que o mesmo o apresente à tia. Divaga sobre a paisagem e sobre como será o seu estado mental durante o sono. Começa a reunir-se, em vários jantares, com os colegas militares de Saint-Loup, que debatem com frequência o «Caso Dreyfus» e os méritos da estratégia militar. É porém forçado a voltar a casa à conta de um telefonema da avó, muito envelhecida. A Sra. Guermantes não mostra interesse em recebê-lo e este continua a não mostrar interesse sério na escrita. Saint-Loup faz-lhe uma visita, na folga. Almoçam e assistem a um recital com a amante/actriz: Rachel, a prostituta judia, alvo de enorme ciúme por parte de Saint-Loup. O Narrador marca depois presença no sarau da Sra. Villeparisis, considerado de segunda linha apesar da fama. Legrandin está presente, exibindo todas as qualidades de trepador social. Bloch interroga com espalhafato o Sr. Norpois sobre o «Caso Dreyfus», que tem deixado a sociedade em polvorosa, mas o outro recusa diplomaticamente uma resposta. O Narrador analisa a postura da Sra. Guermantes e o respectivo berço aristocrático, enquanto esta faz observações viperinas acerca de amigos e familiares, incluindo as amantes do marido, que é irmão de Charlus. Entretanto, chega a Sra. Swann, despoletando na memória do Narrador certa visita de Morel, filho de um empregado do tio Adolphe, onde se revelou que a «senhora de cor-de-rosa» era a Sra. Swann. Charlus requisita a companhia do Narrador, sugerindo que este se torne seu protegido.
Em casa, a saúde da avó piorou. Ao dar alguns passos, sofre uma trombose.
A família procura dar-lhe a melhor assistência médica possível e esta recebe com frequência a visita de Bergotte, também ele doente, mas acaba por morrer, exibindo uma expressão que evoca a beleza da juventude. Alguns meses depois, Saint-Loup, já descomprometido, sugere que o Narrador convide para sair a filha do Sr. Stermaria, recém-divorciada. Albertine faz uma visita. Amadureceu e acabam por trocar um beijo. Visita a Sra. Villeparisis e lá chegado, a Sra. Guermantes, que ele deixou de seguir, convida-o para jantar. Perde algum tempo a sonhar com a Sra. Stermaria, mas esta cancela subitamente o encontro agendado. Saint-Loup salva-o da frustração ao levá-lo para jantar com amigos aristocratas, embora estes passem o tempo em coscuvilhices. Saint-Loup dá-lhe um recado – um convite de Charlus para uma visita. No dia seguinte, na festa dos Guermantes, o Narrador elogia os quadros expostos de Elstir e trava conhecimento com a nata da sociedade, incluindo a Princesa de Parma, que se revela uma jovem simples e amigável. Informa-se com mais detalhe acerca dos Guermantes: a genealogia, os Courvoisier – primos menos refinados – o famoso sentido de humor, gostos artísticos e celebrada dicção da Sra. Guermantes (embora não tão exótica como o apelido deixaria supor). A conversa degenera em mexerico, nomeadamente acerca de Charlus e da antiga esposa, do caso amoroso entre Norpois e a Sra. Villeparisis ou de linhagens aristocráticas. À saída, o Narrador decide visitar Charlus, que o acusa falsamente de calúnia. O primeiro espezinha-lhe o chapéu e sai indignado, mas o outro não se deixa perturbar e oferece-lhe até boleia para casa. Meses depois, é convidado para a festa da Princesa de Guermantes. Procura confirmar a veracidade do convite com os anfitriões, mas vislumbra algo que decide contar mais tarde. Os outros tratam de recebê-lo, mas revelam-se pouco prestáveis. Entretanto, eis que chega o Sr. Swann. Transformou-se num convicto defensor de Dreyfus, enquanto batalha com uma grave doença que lhe apressará a morte, apesar dos Guermantes lhe assegurarem que viverá mais do que eles.
Volume Quatro: Sodoma e Gomorra
O Narrador revela então o que havia visto antes: enquanto esperava pela chegada dos Guermantes para confirmar com eles a natureza do convite, reparou num encontro entre Charlus e Jupien, no pátio. Ambos se dirigiram depois para a loja do segundo e tiveram relações sexuais. Pondera acerca dos «invertidos» e de como formam uma espécie de sociedade secreta, impossibilitados de viver abertamente. Compara-os a flores, cuja reprodução, apenas possível com o auxílio dos insectos, está por completo dependente do acaso. Já na festa, conclui que o convite é legítimo, pois é recebido com calorosa simpatia. Observa Charlus a trocar olhares de entendimento com um diplomata de nome Vaugoubert, também ele um «invertido». Após algumas tentativas, consegue que o apresentem ao Príncipe de Guermantes, que logo se retira na companhia de Swann, provocando alguma especulação acerca do tema de conversa entre ambos. A Sra. Saint-Euverte procura recrutar interessados para a sua festa do dia seguinte, mas acaba ridicularizada por alguns elementos da família Guermantes. Charlus revela interesse no par de jovens filhos da nova amante do Sr. Guermantes. Saint-Loup marca presença e comenta com o Narrador os nomes de algumas mulheres promíscuas. Swann confidencia-lhe que o Príncipe (e a mulher) o informou acerca do moderado apoio de ambos à causa de Dreyfus. Swann está também ciente dos comportamentos do velho amigo Charlus e convence-o a visitar Gilberte, antes de partir. Este sai por sua vez, acompanhado pelo casal Guermantes e dirige-se para um encontro nocturno com Albertine. Enerva-se, primeiro quando esta se atrasa e depois quando tenta desmarcar o encontro, convencendo-a apesar de tudo a mudar de ideias. Escreve entretanto uma carta seca a Gilberte e analisa as mudanças nas relações sociais.
Decide passar uns dias em Balbec, depois de saber que as mulheres referidas por Saint-Loup vão lá estar. Ao chegar, é dominado pelo desgosto com o sofrimento que precedeu a morte da avó, que foi superior ao que imaginava. Pondera acerca das flutuações da existência e os diversos modos de lidar com memórias tristes. A mãe, ainda mais abatida, assume progressivamente traços da avó, numa espécie de homenagem. Albertine não está longe e passam algum tempo juntos, mas ele começa a suspeitar que ela poderá ser lésbica e estará a mentir-lhe.
Simula então preferir a companhia de uma das amigas, Andrée, de modo a que esta mantenha o interesse nele. Resulta, mas logo a seguir desconfia que ela poderá conhecer algumas mulheres de má fama que estão alojadas no hotel, incluindo uma actriz chamada Léa. A caminho de um encontro com Saint-Loup, deparam-se com Morel, o filho do empregado de Adolphe, que se tornou num excelente violinista e depois com o envelhecido Charlus, que alega conhecer Morel e vai falar com ele. O Narrador visita em seguida os Verdurin, que estão a alugar uma casa pertencente aos Cambremer. Na viagem de comboio, é acompanhado pelo velho grupo: Brichot, que explica com exagerado pormenor a origem dos nomes de todas as terras onde param, Cottard, agora um médico conceituado, Saniette, como sempre o alvo da chacota de todos e um novo elemento, Ski. Os Verdurin mantêm a postura altiva e autoritária e os convidados mantêm a petulância habitual. Charlus e Morel chegam juntos e o primeiro mal consegue disfarçar a sua verdadeira natureza. Surgem depois os Cambremer, tolerados com dificuldade pelos Verdurin.
De regresso ao hotel, o Narrador medita acerca dos conceitos do sono e do tempo, enquanto se entretém a observar o comportamento dos empregados, quase todos cientes das actividades de Charlus. Na companhia de Albertine, contrata um motorista e juntos dão grandes passeios pelo campo, inspirando reflexões acerca de novos meios de transporte e da vida rural. Por não saber que o motorista e Morel se conhecem, tece vários comentários acerca do carácter deste e dos planos para com a sobrinha de Jupien. A desconfiança em relação a Albertine permanece, originando a diminuição do interesse. Apesar disso, continuam a participar nos jantares dos Verdurin, fazendo frequentes viagens de comboio na companhia do restante grupo. Charlus é presença habitual, sem notar que é agora objecto de troça dos restantes. Procura manter a relação com Morel secreta e o assunto recorda ao Narrador uma artimanha relacionada com um falso duelo, utilizada por Charlus para melhor controlar Morel. A sucessão de paragens e apeadeiros provoca no Narrador uma sucessão de memórias, onde se incluem duas tentativas do Príncipe de Guermantes para arranjar um envolvimento com Morel, uma discussão final entre os Verdurin e os Cambremer e um desentendimento entre ele, Charlus e Bloch. Aborrece-se em definitivo da região e está mais interessado noutras pessoas do que em Albertine, mas esta de súbito confessa-lhe, ao desembarcarem do comboio, que fez planos com a menina Vinteuil e uma amiga (as conhecidas lésbicas de Combray), cenário que o desespera.
Inventa então uma história mirabolante, de modo a convencê-la a ir com ele a Paris. Ela hesita mas depois aceita, por impulso. O Narrador confessa à mãe: tem de casar com Albertine.
Volume Cinco: A Prisioneira
O Narrador vive agora com Albertine no apartamento da família, para desconfiança de Françoise e desgosto da mãe, que está ausente. Por um lado, está encantado por ter conseguido conquistá-la, mas por outro está agora bastante farto dela. Fica quase sempre em casa, embora tenha feito um acordo com Andrée para que esta o informe acerca do paradeiro da mulher, à conta dos habituais ciúmes. Recebe concelhos sobre moda da Sra. Guermantes e encontra Charlus e Morel, que foram visitar Jupien e a sobrinha. Esta tem casamento arranjado com o segundo, apesar da crueldade deste para com ela. Certo dia, o Narrador regressa da casa dos Guermantes e encontra Andrée, também de saída, supostamente desagradada com o cheiro das flores. Albertine, agora mais calma para evitar ataques de ciúmes, tem amadurecido, transformando-se numa jovem mulher inteligente e elegante. O marido fica encantado com a beleza dela, ao vê-la dormir, concluindo que só está tranquilo quando ela fica em casa, longe dos outros. Esta sugere uma visita aos Verdurin, mas ele desconfia dos reais motivos daquela proposta e escalpeliza a conversa, em busca de pistas. Propõe que ela vá antes para a zona do Trocadéro, com Andrée. A mulher aceita, embora contrariada. Ele faz algumas comparações entre sonhos e vigília e entretém-se a ouvir os pregões dos vendedores de rua com Albertine, antes de ela sair. Recorda depois as diversas viagens que ela fez na companhia do motorista e em seguida fica a saber que Léa, a conhecida actriz, também estará presente no Trocadéro. Ordena de imediato a Françoise que vá chamar a mulher de volta e enquanto espera, divaga acerca de música e de Morel. Quando ela regressa, vão dar uma volta de carro, na qual ele confessa o desejo de conhecer Veneza e se apercebe de que ela se considera uma prisioneira. É depois informado do agravamento da doença de Bergotte.
Nessa mesma noite, escapa-se até casa dos Verdurin, procurando descobrir a razão do interesse de Albertine em visitá-los.
Pelo caminho, encontra Brichot e conversam acerca de Swann, que faleceu. Charlus aparece logo depois e o Narrador é informado acerca das atribulações deste com Morel. Em seguida, descobre que a menina Vinteuil e a amiga também são esperadas (embora não apareçam). Morel decide tocar uma peça de Vinteuil, que evoca semelhanças com a sonata deste. A Sra. Verdurin não disfarça a cólera pelo facto de Charlus se ter transformado na atracção principal da festa e para se vingar decide, com a ajuda do marido, convencer Morel a renegá-lo. Este sente-se mal com o choque. De regresso a casa, o Narrador discute com Albertine acerca da visita deste aos Verdurin e esta nega ter casos amorosos com Léa ou com a Sra. Vinteuil, embora admita ter mentido em alguns momentos, para evitar discussões. Ele ameaça romper o casamento, mas acabam por fazer as pazes. Dialogam sobre arte e moda, à medida que este continua a reflectir sobre a postura algo esquiva da mulher. Surgem novas desconfianças acerca da relação dela com Andrée e com isso, novas discussões. No seguimento de um par de dias constrangedores e uma noite de insónia, decide terminar tudo, mas nessa manhã é informado por Françoise que Albertine pegou nas malas e abandonou a casa.
Volume Seis: A Fugitiva
O Narrador fica angustiado com a partida e ausência da mulher. Pede a Saint-Loup para que este convença a tia dela, Sra. Bontemps, a enviá-la de volta, mas Albertine insiste que voltará de bom grado, se o Narrador lhe pedir directamente. Este mente, dizendo-lhe que não quer saber mais dela e ela concorda. Ele escreve-lhe, dizendo que irá casar com Andrée e logo depois fica a saber que Saint-Loup não conseguiu convencer a tia. Desesperado, implora a Albertine que regresse, mas em troca recebe a notícia de que ela morreu num acidente equestre. Recebe, também, as últimas duas cartas dela: uma a desejar-lhe sorte para o casamento com Andrée, outra a perguntar se pode regressar. O Narrador mergulha então em profundo sofrimento, rodeado de incontáveis memórias de Albertine, intimamente ligadas ao seu quotidiano. Entre elas, um episódio suspeito mencionado pela mulher, na estadia em Balbec, que o faz procurar Aimé, o criado, de modo a pedir-lhe que investigue.
Recorda a história entre ambos e os arrependimentos associados, ponderando acerca da volatilidade do amor. Aimé partilha as conclusões: Albertine envolvia-se com frequência em casos amorosos com raparigas, nas estadias em Balbec. O Narrador pede-lhe para aprofundar as investigações e o outro confirma mais aventuras lésbicas. Este lamenta não ter conhecido a verdadeira Albertine, pois considera que teria sido capaz de aceitar as suas escolhas. Começa lentamente a conformar-se com o seu desaparecimento, ainda que relembrado com frequência de aspectos que renovam o desgosto. Andrée admite por sua vez as preferências lésbicas, mas nega ter-se envolvido com Albertine. O Narrador conclui que irá, com o tempo, esquecer a mulher, do mesmo modo que esqueceu Gilberte.
Nem de propósito, reencontra-a. A mãe desta, a Sra. Swann, tornou-se agora na Sra. Forcheville e Gilberte integrou-se na alta sociedade, sendo recebida com frequência pelos Guermantes. O Narrador publica o seu primeiro artigo no jornal «Le Figaro». Andrée faz-lhe uma visita e admite por fim o seu envolvimento amoroso com Albertine. Explica-lhe também a verdade acerca da partida da mulher: a tia desta queria que ela casasse com outro homem. Na companhia da mãe, desloca-se até Veneza e fica impressionado. Por mero acaso, encontram Norpois e a Sra. Villeparisis. Recebe um telegrama assinado por Albertine, mas ignora-o. De regresso a casa, inteiram-se de notícias surpreendentes: Gilberte está de casamento marcado com Saint-Loup e a sobrinha de Jupien irá ser adoptada por Charlus e depois novamente casada com o sobrinho de Legrandin, outro «invertido». Tudo isto é muito comentado entre a alta sociedade. O Narrador visita Gilberte na nova casa, descobrindo que o telegrama recebido afinal era dela e não de Albertine, que está de facto morta. Fica também chocado ao descobrir que Saint-Loup tem um caso secreto com Morel, entre outros, e coloca em causa a amizade entre ambos.
Volume Sete: O Tempo Reencontrado
O Narrador está hospedado em casa de Gilberte, situada perto de Combray.
Dão alguns passeios e num deles, descobre com grande espanto que o caminho de Méséglise e o de Guermantes estão ligados. Ela confessa-lhe que esteve atraída por ele, em jovem e que daquela vez em que este a observou ao longe, o gesto era de convite e não de repulsa. Por fim, revela que estava na companhia de Léa, naquele fim de tarde em que ele ponderou reconciliar-se com ela. O Narrador reflecte no carácter de Saint-Loup e lê um artigo acerca dos saraus dos Verdurin, concluindo que lhe falta o talento para a escrita.
O enredo salta para uma noite no ano de 1916, durante a I Guerra Mundial.
O Narrador está de regresso a Paris após um período de internamento e atravessa as ruas, escurecidas pela temporária ausência de energia. Nota as mudanças ocorridas no seio da alta sociedade e nas artes, contexto onde os Verdurin beneficiam agora de grande reputação. Recorda uma visita de Saint-Loup, dois anos antes, quando este procurava alistar-se em segredo e as narrações que o mesmo e Gilberte fizeram sobre o conflito, em que chegaram a ter a casa em perigo. Ainda uma chamada de Saint-Loup onde conversaram acerca de estratégia militar. Ao divagar pela rua escura, o Narrador encontra Charlus, que se rendeu em definitivo aos seus desejos. Este relembra as traições de Morel e a tentação que teve, à época, de procurar vingança. Critica a recente fama obtida por Brichot como escritor, que lhe valeu a censura dos Verdurin. Por fim, reconhece uma certa admiração pela Alemanha. Este último tema acaba por atrair os olhares desconfiados de um grupo de passantes. Ao despedir-se, o Narrador entra naquilo que lhe parece ser um hotel, notando uma cara familiar a afastar-se. Lá dentro, apercebe-se que está, afinal, num bordel masculino e repara de novo na presença de Charlus. O proprietário é nada menos do que Jupien, que revela um orgulho perverso no seu negócio. Alguns dias mais tarde, chegam notícias da morte de Saint-Loup, em combate. Juntando as várias peças, o Narrador conclui que era ele, o fugidio visitante do bordel de Jupien e especula sobre como tudo seria, caso este não tivesse morrido.
Anos depois, ainda em Paris, o Narrador é convidado para uma festa na casa do Príncipe de Guermantes. No caminho, vê Charlus, agora mera sombra do que foi, a ser auxiliado por Jupien. O pavimento na entrada dos Guermantes provoca-lhe outro episódio de memórias involuntárias, seguindo-se mais dois. Lá dentro, enquanto aguarda na biblioteca, chega por fim a uma conclusão: tais episódios, ao oferecerem uma fusão entre passado e presente, originam um ponto de observação privilegiado, fora do próprio tempo, assegurando assim um vislumbre sobre a real natureza das coisas. Percebe que foi sendo preparado, ao longo de toda a vida, para cumprir a missão de relatar os eventos tal como estes se revelaram, sendo esse, de uma vez por todas, o mote para começar a escrever. Ao entrar por fim no coração da festa, não contém o espanto diante das mudanças ocorridas nas pessoas que sempre conheceu e na sociedade em geral. Legrandin assumiu-se como «invertido» mas perdeu a postura arrogante. Bloch é um escritor conceituado e influente. Morel regenerou-se e tornou-se num cidadão respeitado. A Sra. Forcheville tornou-se na amante do Sr. Guermantes. A Sra. Verdurin casou-se com o Príncipe de Guermantes após a morte dos respectivos companheiros. Rachel é a estrela da festa, com o patrocínio da Sra. Guermantes, cujo estatuto social se degradou bastante, à conta do amor que revela pelo Teatro. Gilberte apresenta a filha ao Narrador e este nota, impressionado, o quanto esta mesclou os temperamentos e atitudes dos Méséglise e dos Guermantes. Entrega-se em definitivo à escrita, ajudado por Françoise e apesar do aproximar da morte.
Conclui que cada um de nós transporta consigo um imenso passado, logo e em nome da credibilidade, terá de ilustrar o modo como todos ocupam uma imensa parcela de/no Tempo.
Temas
A obra estabelece um corte radical com os cânones associados ao romance no século XIX: realismo e foco no enredo, cujos integrantes eram protagonistas activos e personagens modeladas, representativas de grupos sociais e culturais e/ou conceitos morais. Apesar de algumas partes do romance poderem ser consideradas uma abordagem a temas como o pretensiosismo, a manipulação, o ciúme e o sofrimento, contendo em si uma profusão de detalhes realistas, o foco não está na criação de um enredo sólido ou numa evolução coerente do mesmo, mas na multiplicidade de perspectivas e na construção de uma experiência. Os protagonistas no primeiro volume (o Narrador em criança e os Swann) revelam-se, à luz dos padrões comuns nos romances da época, extremamente introspectivos e passivos, sem tão-pouco despoletarem ou inspirarem a acção noutros personagens. Para os leitores da altura, habituados a Honoré de Balzac, Victor Hugo e Leo Tolstoi, estes dificilmente poderiam assumir-se como faróis de um enredo. Por outro lado, embora o texto esteja recheado de simbolismo, o mesmo poucas vezes é definido pelos artifícios comuns, capazes de redundar em conceitos filosóficos, românticos ou morais. A lógica dos eventos assenta quase sempre na memória dos mesmos ou na reflexão interna acerca do que foi descrito. Colocar o cerne na relação entre experiência, memória e descrição escrita, desvalorizando quase por completo o enredo mais superficial, transformou-se com o tempo num dos pilares do romance moderno, mas tudo isto eram métodos praticamente desconhecidos em 1913.
Eis uma visão académica acerca dos temas presentes no romance, chave para o entendimento da escrita de Proust:
O romance sustenta-se, portanto, no princípio da intermitência: viver significa percepcionar diferentes, e muitas vezes contraditórios, aspectos da realidade. Este caleidoscópio nunca resulta num ponto de vista único. Assim sendo, é possível retirar dessa «Busca» um conjunto de autores hipotéticos e intermitentes: o retratista de uma sociedade decadente, o artista da reminiscência romântica, o narrador do «eu», o classicista da estrutura formal – encontramos todos estes em Proust…
Memória
O conceito de memória é central no romance, sendo imediatamente introduzido com o famoso «episódio da madalena», no primeiro volume e com um processo semelhante no derradeiro, que despoleta a resolução de toda a obra. Ao longo da narrativa existem vários momentos de «memória involuntária», despoletados por experiências sensoriais (paisagens, sons, odores) que evocam lembranças importantes para o narrador e por vezes redireccionam o foco para um acontecimento anterior. Apesar de Proust, à época, trocar correspondência com Sigmund Freud, partilhando com ele muitas opiniões acerca das estruturas do pensamento e mecanismos do cérebro humano, nenhum deles tinha por hábito ler a obra do outro.
O «episódio da madalena»:
Assim que o líquido morno, recheado de migalhas, me acendeu o paladar, fui atravessado por um arrepio, fazendo com que me detivesse e atentasse no fenómeno extraordinário que me acontecia. Um prazer delicioso invadira-me os sentidos, algo isolado, individual, sem qualquer pista acerca da sua origem. De uma só vez, as vicissitudes da vida eram-me indiferentes, as suas tragédias inócuas, a sua brevidade ilusória – esta nova sensação havia tido em mim o mesmo efeito que tem o amor, quando me recheia com a sua preciosa essência, ou melhor, tal essência não estava em mim, antes era eu. (…) De onde viera? O que significava? Como poderia agarrá-la e mantê-la? (…) De súbito, a memória revelou-se. O sabor provinha daquele pedacinho de madalena, que nas manhãs de domingo em Combray (uma vez que nesses dias eu nunca saía antes da missa), quando ia dar-lhe os bons dias no quarto, costumava ser-me oferecido pela minha tia Léonie, depois de o mergulhar na chávena de chá ou tisana. A mera visão da pequena madalena não acendera nada na minha mente, antes do acto de prová-la. E tudo a partir da minha chávena de chá.
Gilles Deleuze defendia que o foco de Proust não era a memória e o passado associado mas o processo de aprendizagem na utilização de «signos» de modo a, através deles, compreender e transmitir a realidade total, transformando-se dessa forma num artista.
Apesar do autor estar amargamente familiarizado com os sentimentos de perda e exclusão – de entes queridos, afecto, amizade e inocência, reproduzidos no romance através de episódios recorrentes de ciúme, traição e morte – a sua conclusão, sobretudo após a descoberta dos trabalhos de Ruskin, foi a de que uma obra de arte tem o poder de resgatar o que foi perdido, salvando-o dessa forma da destruição, pelo menos no plano mental. Segundo ele, «a Arte triunfa sobre o poder destrutivo do Tempo».
Ansiedade da Separação
Proust inicia o romance afirmando: «Durante muito tempo, deitei-me cedo». Essa frase é o mote para uma extensa reflexão acerca da ansiedade que experimentava quando se despedia da mãe, ao deitar, bem como das tentativas que fazia para obrigá-la a vir ter com ele, com um beijo de boa-noite, mesmo nas ocasiões em que a família recebia visitas. Esta postura redunda num enorme sucesso quando a dado momento o pai sugere à mãe que ela passe a noite com o filho, depois desta ter sido abordada no corredor a caminho do quarto.
Esta ansiedade está na origem das futuras estratégias de manipulação, espelhadas no comportamento de Léonie, a tia inválida e de todos os casais do enredo, que recorrem aos mesmos estratagemas.
Papel da Arte
O papel da Arte é um dos temas analisados em profundidade no romance. Proust apresenta uma teoria na qual se defende que todos somos capazes de produzir arte desde que por isso se entenda utilizarmos as experiências da vida para atingirmos um estado de maior compreensão e maturidade. Literatura, Pintura e Música são exploradas em detalhe. Morel, o violinista, ilustra um certo tipo de «artista», à semelhança de outros elementos fictícios como o romancista Bergotte, o compositor Vinteuil ou o pintor Elstir.
Desde o primeiro volume, é evidente a preocupação do narrador com a sua eventual capacidade para a escrita, uma vez que pretende fazer disso carreira. A transformação das sensações experimentadas numa simples caminhada em curta descrição é apresentada como exemplo do seu estilo. A questão acerca das suas reais capacidades está presente em todas as passagens nas quais o talento é reconhecido ou despercebido, pois este surge com a personalidade de um amigo humilde, em vez de se mostrar convicto.
A questão do gosto ou da capacidade de análise artística tem igualmente relevância, como se depreende no comportamento de Swann, cujas opções refinadas são com frequência ocultadas dos amigos, por incapacidade destes em compreendê-lo, ou apenas manifestadas junto dos seus interesses amorosos.
Homossexualidade
As questões relacionadas com a homossexualidade são recorrentes ao longo do romance, sobretudo nos derradeiros volumes. O primeiro episódio surge logo no primeiro volume, no qual a filha do professor de piano e compositor Vinteuil se deixa seduzir, sendo observada pelo narrador a ter uma experiência lésbica diante do retrato do pai, recentemente falecido.
Além disso, o narrador suspeita constantemente da infidelidade lésbica das mulheres com quem se relaciona, espelhando as desconfianças de Charles Swann acerca da amante e futura mulher, Odette, no primeiro volume. No início de «Sodoma e Gomorra», vemos uma narração detalhada de um encontro sexual entre Charlus, o homossexual mais importante do romance e o seu alfaiate. Os críticos salientam com frequência que apesar da personagem do narrador ser ostensivamente heterossexual, Proust sugere que esta poderá na verdade ser um homossexual reprimido, uma vez que a postura deste perante os episódios relacionados é claramente desprendida e ao mesmo tempo conhecedora. Esta abordagem autoriza o autor a debater certos temas relacionados com a homossexualidade masculina – em particular a natureza do segredo – através de um duplo ângulo.
Proust não assume a preferência sexual de Charlus antes de chegar a meio do romance. Depois, no entanto, a ostentação e espalhafato do Barão, de que este nunca se apercebe, toma de assalto a perspectiva do narrador. O lesbianismo, pelo contrário, perturba quer Swann quer o narrador, pois representa um mundo inacessível. Enquanto a homossexualidade masculina é algo familiar, pois inclui a sexualidade masculina, as aventuras lésbicas de Odette e Albertine comprovam a dolorosa exclusão de ambos por parte das mulheres que desejam.
Em 1949, o crítico Justin O’Brien sugeriu num artigo, intitulado «Albertine, a Ambígua: Notas acerca da Transposição de Sexos em Proust», que algumas das personagens femininas seriam melhor compreendidas se o leitor as visse como jovens masculinos. Se retirarmos as terminações femininas aos nomes das aventuras amorosas do narrador, ficamos com nomes de rapazes: Albert(ine), Gilbert(e) e André(e). Esta teoria foi refutada por outros estudiosos, que afirmam ser comum a feminização de nomes masculinos na língua francesa.
Personagens Principais
A residência do Narrador
– O Narrador: Jovem sensível que deseja tornar-se escritor e cuja identidade nunca é muito clara. No volume cinco, contudo, este dirige-se ao leitor nestes termos: Começava ela agora a falar. As primeiras palavras foram «querido» ou «meu querido», seguidas do meu nome de baptismo, o que, se atribuirmos ao narrador o mesmo nome do autor do livro, redundaria em «querido Marcel» ou «meu querido Marcel».
– O Pai do Narrador: Um diplomata que inicialmente desaprova a opção do Narrador pela carreira literária.
– A Mãe do Narrador: Uma mulher empática, preocupada com o futuro profissional do filho.
– Bathilde Amédée: Avó do Narrador. A sua vida e morte têm grande influência na postura da filha e do neto.
– Tia Léonie: Mulher enferma que o Narrador visita nas temporadas que passa em Combray.
– Tio Adolphe: Tio-avô do Narrador, amigo de muitas actrizes.
– Françoise: Empregada doméstica fiel e obstinada.
Os Guermantes
– Barão de Charlus: Aristocrata decadente, com vários traços anti-sociais. Modelado a partir de Robert de Montesquiou, poeta simbolista.
– Duquesa de Guermantes: Nata da alta sociedade parisiense. Vive no reputado bairro de Faubourg St. Germain. Modelada a partir da Condessa Greffulhe.
– Robert de Saint-Loup: Oficial do exército e melhor amigo do Narrador. Apesar do berço de ouro (é sobrinho dos Guermantes) e estilo de vida cosmopolita, não possui grande fortuna em seu nome antes de se casar com Gilberte. Modelado a partir de Gaston de Cavaillet, dramaturgo.
– Marquesa de Villeparisis: Tia do Barão de Charlus. Velha amiga da avó do Narrador.
– Duque de Guermantes: Marido da duquesa e irmão de Charlus. Homem vaidoso com uma infinidade de amantes.
– Príncipe de Guermantes: Primo dos Duques.
– Princesa de Guermantes: Mulher do Príncipe.
Os Swann
– Charles Swann: Amigo da família do Narrador (modelado a partir de um amigo de Proust, Charles Ephrussi, crítico de arte). As suas opiniões acerca do «Caso Dreyfus» e o casamento com Odette ostracizam-no de grande parte da alta sociedade.
– Odette de Crécy: Uma bela cortesã parisiense. Odette é também conhecida como Sra. Swann, «senhora de cor-de-rosa» e, no volume final, Sra. de Forcheville.
– Gilberte Swann: Filha de Charles e Odette. Recebe o nome do pai adoptivo, Forcheville, após a morte de Swann, tornando-se por fim na Sra. de Saint-Loup ao casar com Robert, união que junta (também metaforicamente) os caminhos de Swann e de Guermantes.
Artistas
– Elstir: Pintor famoso cujas telas acerca do mar e do céu remetem para um dos temas do romance – a mutabilidade da vida humana. Modelado a partir do pintor Claude Monet.
– Bergotte: Conhecido escritor, cujas obras são admiradas pelo Narrador desde sempre. Modelado a partir dos escritores Anatole France e Paul Bourget.
– Vinteuil: Músico obscuro que acaba por ganhar fama póstuma à conta de uma sonata bela e evocativa, conhecida como Sonata Vinteuil.
– Berma: Actriz famosa, especialista em personagens do dramaturgo Jean Racine.
O Grupo dos Verdurin
– Sra. Verdurin (Sidonie): Uma «anfitriã» pedante que atinge o topo da sociedade através de heranças, casamento e obstinação. Modelada a partir de Arman de Caillavet, musa de Anatole France.
– Sr. Verdurin: Marido de Sidonie e seu cúmplice fiel.
– Cottard: Um médico conceituado.
– Brichot: Um académico pomposo.
– Saniette: Um paleógrafo frequentemente ridicularizado pelo grupo.
– Sr. Biche: Pintor que mais tarde revela ser Elstir.
Raparigas de Balbec
– Albertine Simonet: Órfã privilegiada, de relativa inteligência e beleza. A sua relação com o Narrador ocupa grande parte do romance.
– Andrée: Amiga de Albertine, por quem o Narrador alimenta certa atracção.
– Gisèle e Rosemonde: Restantes membros do grupo.
– Octave: Também conhecido por «sou um falhanço». Rapaz rico que leva uma existência diletante em Balbec e se envolve com várias das raparigas. Modelado a partir de Jean Cocteau, escritor (em novo).
Outros
– Charles Morel: Filho de um antigo empregado do tio Adolphe e violinista talentoso. Usufrui bastante da protecção financeira do Barão de Charlus e mais tarde de Robert de Saint-Loup.
– Rachel: Actriz e prostituta, em tempos amante de Robert de Saint-Loup.
– Marquês de Norpois: Diplomata e amigo do pai do Narrador. Envolve-se com a Sra. de Villeparisis.
– Albert Bloch: Judeu pretensioso e amigo de infância do Narrador, que depois se transforma num dramaturgo de sucesso. Alter-ego do autor.
– Jupien: Alfaiate que tem uma loja no pátio do hotel Guermantes. Vive com a sobrinha.
– Sra. Bontemps: Tia e tutora de Albertine.
– Legrandin: Amigo pomposo da família do Narrador. Engenheiro e homem de letras.
– Marqueses de Cambremer: Provincianos que vivem nas proximidades de Balbec. Ela é irmã de Legrandin.
– Menina Vinteuil: Filha do compositor Vinteuil. Tem uma amiga perversa que a encoraja ao lesbianismo.
– Léa: Actriz lésbica famosa, que mora em Balbec.