Nasceu em 1974. Narrador, poeta e dramaturgo, cuja primeira obra foi publicada em 2000.
José Luís Peixoto nasceu na Vila de Galveias, no Alto Alentejo, onde viveu até aos 18 anos, idade em que foi estudar para a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Após terminar a sua licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, na variante de estudos ingleses e alemães, foi professor em várias escolas portuguesas e na Cidade da Praia, em Cabo Verde. Em 2001, dedicou-se profissionalmente à escrita.
Com apenas 27 anos, foi o mais jovem vencedor de sempre do Prémio Literário José Saramago. Desde esse reconhecimento, a sua obra tem recebido amplo destaque nacional e internacional. Os seus livros estão traduzidos e publicados em 30 idiomas. O romance «Galveias» foi o primeiro livro de língua portuguesa a ser traduzido directamente para o idioma georgiano, tendo acontecido o mesmo ao livro «A Mãe que Chovia», traduzido do português para o mongol.
«Morreste-me» foi escolhido como um dos 10 livros da primeira década do século XXI pela revista Visão. Nas mesmas condições, Nenhum Olhar foi escolhido como um dos livros da década pelo jornal Expresso.
O romance «Uma Casa na Escuridão» foi incluído na edição europeia de «1001 Livros para Ler Antes de Morrer – Um guia cronológico dos mais importantes romances de todos os tempos».
Nenhum Olhar foi incluído na lista do Financial Times para os melhores romances publicados em Inglaterra em 2007, tendo também sido incluído no programa «Discover Great New Writers» das livrarias americanas Barnes & Noble.
A sua obra tem sido abundantemente adaptada para espectáculos e obras artísticas de diversos géneros.
O autor tem sido colunista de vários órgãos da Imprensa portuguesa, como é o caso do Jornal de Letras ou das revistas Visão, GQ, Time Out, Notícias Magazine, UP, entre outras.
A obra de José Luís Peixoto apresenta assinalável coesão formal e temática. Nenhum Olhar, «Cal» ou «Galveias» revelam uma nova abordagem aos temas alentejanos na Literatura Portuguesa. A ruralidade é descrita através de grande sofisticação formal, com uma inédita matriz pós-moderna. Podendo estabelecer relações com a História de Portugal – como em «Cemitério de Pianos», «Livro» ou «Em Teu Ventre» – é também comum que as obras de José Luís Peixoto tratem as relações pessoais e/ou familiares, com uma forte carga autobiográfica — como em «Morreste-me» ou «Abraço». A alegoria ocupa também um lugar importante na sua escrita, através dos títulos «Uma Casa na Escuridão» e «Antídoto». Estas abordagens, no entanto, estão distribuídas um pouco por toda a sua obra, não sendo difícil assinalar livros que contenham vários destes temas principais em simultâneo, a saber: Ruralidade, relações com a História, análise das relações pessoais e/ou familiares, modelos alegóricos.
Dele se tem dito:
Uma das revelações mais surpreendentes da Literatura Portuguesa. É um homem que sabe escrever e que vai ser o continuador dos grandes escritores.
Peixoto tem uma extraordinária forma de interpretar o mundo, expressa pelas suas escolhas certeiras de linguagem e de imagens.
Times Literary Supplement
Um valor seguro da Literatura Portuguesa, com grande sentido de linguagem poética e grande domínio da língua portuguesa.
Manuel Vásquez Montálban
O fantástico é contado com a naturalidade do quotidiano. A crónica e a fábula sobrepõem-se, como as histórias que contam ou presenciam ou calam as personagens de William Faulkner ou de Juan Rulfo.
António Muñoz Molina
Como Saramago, José Luís Peixoto é um escritor tocado pelo génio.
Urbano Tavares Rodrigues
Um dos escritores mais dotados do seu país.
Le Monde
Peixoto articula um interessante discurso sobre a identidade e a orfandade, e elabora em paralelo um maravilhoso retrato psicológico do mundo rural português.
El País
É um dos autores de maior destaque da literatura portuguesa contemporânea. A sua obra ficcional e poética figura em dezenas de antologias, traduzidas num vasto número de idiomas, e é estudada em diversas universidades nacionais e estrangeiras.
Em 2001, acompanhando um imenso reconhecimento da crítica e do público, foi atribuído o Prémio Literário José Saramago ao romance Nenhum Olhar. Em 2007, «Cemitério de Pianos» recebeu o Prémio Cálamo Otra Mirada, destinado ao melhor romance estrangeiro publicado em Espanha. Com «Livro», venceu o prémio Libro d’Europa, atribuído em Itália ao melhor romance europeu publicado no ano anterior e em 2016 recebeu, no Brasil, o Prémio Oceanos com «Galveias». As suas obras foram ainda finalistas de prémios internacionais como o Femina (França), Impac Dublin (Irlanda) ou o Portugal Telecom (Brasil). Na poesia, o livro «Gaveta de Papéis» recebeu o Prémio Daniel Faria e «A Criança em Ruínas» recebeu o Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores. Em 2012, publicou «Dentro do Segredo, Uma viagem na Coreia do Norte», a sua primeira incursão na literatura de viagens. As suas mais recentes obras são «Autobiografia» (2019), na prosa, e «Regresso a Casa» (2020), na poesia.
Numa aldeia do Alentejo, com uma severa pobreza em pano de fundo, o autor vai tecendo histórias de homens e mulheres, endurecidos pela fome e pelo trabalho, feitas de amor, ciúme e violência: o pastor taciturno que vê o seu mundo desmoronar-se quando o diabo lhe conta que a mulher o engana; o velho e sábio Gabriel, confidente e conselheiro; os gémeos siameses Elias e Moisés, cuja terna comunhão se degrada no momento em que um deles se apaixona; ou o próprio Diabo. As suas personagens são universais, assim como a sua esperança face à dificuldade. «… a partir da segunda ou terceira sequência ficamos seguros de que a inclinação é fatal: vamos embater num limite, num muro, num enigma, na origem do mundo e no desastre final…».
Publicado pela primeira vez em 2000, recebeu o Prémio José Saramago em 2001 e descreve um universo em que a paisagem rural alentejana se mistura com elementos do fantástico. Na novela quase não há diálogos, o autor usa a técnica da «corrente
de consciência».
Imediatamente após a sua primeira edição, Nenhum Olhar teve um imenso impacto no meio literário português, com unânimes elogios da crítica e uma entusiástica recepção do público.
Hoje, após mais de 20 edições em Portugal, traduzida para quase trinta idiomas, estudada em universidades de diversos continentes, é reconhecida como uma das obras essenciais do início do século XXI português.
«Um romance que cativa imediatamente pela força das imagens, pela elegância do ritmo da frase, pela densidade dos percursos reflexivos que somos levados a percorrer com o narrador (por vezes configurado em narradora) em torno de homens e mulheres que habitam o espaço rural português. O equilíbrio temático, a maturidade filosófica das sugestões reflexivas, o cativante ritmo da prosa, a beleza imagística da escrita são elementos inquestionáveis deste romance. Mas não se pense que é uma obra destinada a um leitor modelo, carregado de erudições ou trejeitos intelectuais. Nada disso. Este é um livro que atravessa todas as camadas de público. É inteligente sem ser ostensivo, é culto sem ser pretensioso, é belo sem ser narcísico».
António Frias Martins (na entrega do Prémio Literário José Saramago)